Dinâmica da comunidade arbórea de formações florestais do bioma cerrado no Triângulo Mineiro / Tree dynamics of forest vegetations at Cerrado biome in Triangulo Mineiro

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/02/2011

RESUMO

As formações florestais estudadas no presente trabalho são compostas por três fitofisionomias contínuas, sendo mata de galeria, floresta estacional semidecidual e cerradão. Essas fitofisionomias estão inseridas dentro das formações florestais do bioma Cerrado e estão submetidas à pronunciada sazonalidade na distribuição das chuvas, que resulta em um longo período de baixa precipitação. O objetivo geral deste estudo foi analisar os parâmetros da dinâmica da comunidade arbórea do gradiente florestal da Estação Ecológica do Panga, Uberlândia, Minas Gerais. O estudo foi baseado nos dados provenientes do inventário contínuo do gradiente florestal, constituído de 211 parcelas permanentes (10  10 m), distribuídas em oito transectos paralelos entre si e perpendiculares ao ribeirão Panga. Todos os indivíduos com diâmetro à altura do peito (DAP) maior ou igual a 4,8 cm foram marcados e medidos em 1997, 2002 e 2007. Em 1997, o gradiente florestal apresentou 3797 indivíduos, com área basal de 23,95 m2/ha. Com exceção do cerradão, houve uma redução líquida da densidade no gradiente florestal ao longo do intervalo de 10 anos, como resultado de taxas de mortalidade superiores às de recrutamento. A área basal do gradiente florestal aumentou durante o período de estudo, com destaque para o cerradão. Em relação à composição florística, o número de espécies reduziu ao longo do tempo. O gradiente florestal apresentou taxas de mortalidade de 2,60 e 3,31 %.ano-1 para os intervalos de 1997-2002 e 2002-2007, respectivamente. As taxas de recrutamento para os mesmos períodos foram 1,98 e 2,29 %.ano-1. Em geral, as taxas de mortalidade e recrutamento aumentaram durante os dois períodos sucessivos de medição, ocorrendo um desbalanço em favor da mortalidade para a floresta estacional semidecidual e a mata de galeria que, aliado à diminuição da densidade e ao aumento da área basal nessas fitofisionomias, sugerem um processo de auto-desbaste da comunidade arbórea. Entretanto, o balanço positivo em favor do recrutamento, somado ao aumento em densidade e área basal de seus indivíduos, indica que o cerradão está em fase de construção, favorecida pela diminuição do fogo e demais perturbações antrópicas, resultando no avanço do cerradão em áreas de cerrado sentido restrito e na perda de algumas áreas de cerradão para a floresta estacional semidecidual. Considerando tanto as taxas de rotatividade em relação ao número de indivíduos quanto em relação à área basal, é possível expressar a dinâmica global do gradiente como cerradão >floresta estacional semidecidual >floresta de galeria ao longo do período de 10 anos. As taxas de mortalidade e recrutamento diferiram entre os grupos ecológicos, com as espécies pioneiras apresentando maior mortalidade que recrutamento. Entretanto, a taxa de recrutamento foi maior que a de mortalidade para o grupo das espécies tolerantes à sombra. Entre as espécies com altas taxas de mortalidade, também se destacaram espécies típicas do cerrado sentido restrito, que foram amostradas somente na área de cerradão. O incremento diamétrico médio anual registrado para o gradiente florestal nos dois intervalos de medição foram 0,13 e 0,15 cm.ano-1. A floresta estacional semidecidual e a floresta de galeria apresentaram incremento diamétrico menor que o valor registrado para o cerradão. O gradiente florestal estudado apresentou taxas de incremento diamétrico muito variáveis entre as espécies. As espécies nãopioneiras, localizadas no estrato emergente e no dossel, tiveram médias acima dos valores da comunidade. As espécies do sub-bosque, entretanto, se caracterizaram por baixas médias de incremento em diâmetro, assim como as espécies pioneiras do dossel e do subdossel da comunidade. Foram definidos cinco grupos funcionais (GFs) baseados nos valores de incremento mediano em diâmetro e ocupação no estrato vertical pelos adultos no gradiente florestal. A densidade relativa dos grupos de crescimento rápido é um pouco maior que a dos grupos de crescimento lento. Entretanto, em termos de área basal relativa os grupos de crescimento rápido apresentam valores bem maiores que os observados para os de crescimento lento. Os grupos de crescimento rápido apresentaram taxas de mortalidade menores às observadas para aqueles de crescimento lento nos dois períodos monitorados. Em relação aos estratos verticais, apenas as espécies do dossel e subdossel com crescimento rápido apresentaram menor mortalidade em comparação com aquelas do sub-bosque com crescimento lento. Não houve diferença entre os grupos funcionais em relação às taxas de recrutamento.

ASSUNTO(S)

mortalidade recrutamento crescimento grupos funcionais ecologia comunidades vegetais dinâmica de vegetação mortality recruitment growth functional groups

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