Diminuição do Estigma sobre Transtorno Mental após Internato em Psiquiatria do Curso de Medicina de Duas Instituições em Fortaleza (CE)

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. educ. med.

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/10/2019

RESUMO

RESUMO Historicamente, várias doenças são causadoras de estigma. O estigma e o preconceito em torno da doença mental existem amplamente em todo o mundo e pesquisas têm mostrado que a população em geral tem conhecimentos limitados sobre doenças mentais. Entre os transtornos mentais, a esquizofrenia é uma das mais estigmatizadas. Os estudantes de Medicina, por também fazerem parte da sociedade, não ficam imunes ao estigma em relação a pessoas com transtornos mentais. Vários estudos sugeriram que a educação psiquiátrica do estudante de Medicina, principalmente as experiências que envolvem contato direto com o paciente, como o internato, pode ter um impacto positivo, como no engajamento direto ao atendimento do paciente, interesse em participar de outras atividades como terapia grupal, gerenciamento de casos, além do entendimento de que pacientes com condições psiquiátricas podem ser tratados com sucesso. A maioria dos médicos, no entanto, recebe pouco treinamento ao interagir com pacientes com doenças mentais. Geralmente sentem-se desconfortáveis ou ineficazes ao se comunicarem com eles, mesmo sobre queixas físicas. O objetivo deste estudo foi avaliar se o estágio do internato em um hospital psiquiátrico de Fortaleza diminui o estigma dos alunos de Medicina em relação à doença mental. Foi aplicado o questionário validado AQ-9 aos estudantes de Medicina no período inicial do estágio do internato em Psiquiatria e repetida a mesma avaliação no final do período. Do total de 88 estudantes, observou-se que 37 (42%) eram do sexo masculino e 51 (58%) eram do sexo feminino. A média de idade foi de 24,68 anos. Pôde-se observar que houve diferença entre os três primeiros domínios do AQ-9, que evidenciaram, respectivamente, uma diminuição significativa em piedade (p = 0,029), periculosidade (p = 0,004) e medo (p < 0,001). Admite-se que existe estigma na população de estudantes analisada e que o estágio em Psiquiatria do internato de duas faculdades de Medicina estudadas reduziu significantemente três dos nove domínios avaliados. Apenas o gênero como dado sociodemográfico influenciou o resultado. Alunos do sexo feminino apresentaram maior média do que os alunos do sexo masculino em relação ao domínio medo, enquanto os alunos do sexo masculino apresentaram maior média do que os alunos do sexo feminino em relação ao domínio segregação. Fortalece-se a importância do estágio em Psiquiatria durante o internato para além do aprendizado técnico, já que o mesmo tem a capacidade de diminuir o estigma em relação aos pacientes psiquiátricos, principalmente os pacientes esquizofrênicos.ABSTRACT Historically, there is stigma associated to several diseases. There are widespread stigma and prejudice regarding mental illness throughout the world and research has shown that the general population has limited knowledge about mental illness. One mental disorder in particular, schizophrenia, is highly stigmatized. As members of society, medical students are not immune to stigma assigned to people with mental disorders. Several studies have suggested that the psychiatric training, especially when involving direct contact with the patient, such as medical internship, can have a positive impact on the medical student through their direct engagement in patient care, interest in participating in other activities such as therapy group management, case management, and gaining an understanding that patients with psychiatric conditions can be treated successfully. Most doctors, however, receive little training when interacting with mental illness patients. They usually feel uncomfortable or ineffective in communicating with them, even regarding physical complaints. The objective of this study was to evaluate whether the internship in a psychiatric hospital in Fortaleza reduces the stigma of medical students in relation to mental illness. AQ-9 validated questionnaire was applied to medical students in the initial period of the internship in psychiatry and repeated at the end of the period. From a total sample of 88 students, 37 (42%) were male and 51 (58%) were female, and the mean age was 24.68 years. There was a noticeable difference between the first three domains of AQ-9, which showed a significant decrease in pity (p = 0.029), danger (p = 0.004) and fear (p < 0.001). Stigma does seem to reside in the student population analyzed and the psychiatry internship of the two medical schools studied significantly reduced the results in three of the 9 domains evaluated. Of the sociodemographic variables, only gender influenced the result. Female students presented higher scores than male students in relation to the fear domain while male students presented a higher average than their female counterparts in relation to segregation. The importance of the psychiatry internship which goes beyond technical learning is reinforced, since it has the capacity to reduce stigma in relation to psychiatric, and especially schizophrenic, patients.

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