Digesta kinetics and rumen microbial synthesis in sheep fed three different quality hays. / Cinética digestiva e síntese microbiana ruminal em ovinos alimentados com fenos de três qualidades distintas.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar fenos de valores nutritivos distintos na nutrição de ovinos quanto à capacidade de síntese microbiana e à cinética digestiva, através de ensaios in vitro, in situ e in vivo, baseados em metodologias convencionais e nucleares. Foram utilizados seis ovinos da raça Santa Inês com peso vivo médio de 40±5,7 kg e providos de cânulas no rúmen e no duodeno proximal. Fenos de alfafa (ALF), de braquiária (BRA) e de Tifton-85 (TIF) foram escolhidos devido a seus teores de proteína bruta (PB) (respectivamente, 191, 29 e 75 g.kg-1 MS). Dois delineamentos experimentais foram utilizados: quadrado latino amalgamado (3 tratamentos, 3 períodos e 6 animais) e fatorial completo (3 substratos e 3 inóculos). O primeiro delineamento foi utilizado para os ensaios de consumo voluntário (CVMS), degradabilidade ruminal in situ, parâmetros ruminais, digestibilidade aparente, balanço de nitrogênio, trânsito de digesta e trânsito e síntese de proteína microbiana in vivo. O segundo delineamento foi utilizado para os ensaios in vitro de degradabilidade ruminal, produção de gases e síntese de proteína microbiana. Os fenos apresentaram diferenças (P <0,05) quanto à sua composição química (matéria seca, matéria orgânica, fibra em detergente neutro, hemicelulose, celulose e PB). O CVMS de ALF foi superior (P <0,05) aos de BRA e TIF e refletiu a forte relação entre consumo e teor de PB na dieta. As degradabilidades ruminais in situ e in vitro demonstraram a baixa fermentabilidade de BRA, fato que foi comprovado pela técnica in vitro de produção de gases. Não houve diferenças (P >0,05) entre os valores de pH ruminais dos animais alimentados com ALF, BRA ou TIF, porém a concentração de nitrogênio amoniacal ilustrou bem a importância da proteína dietética para garantir um ambiente ruminal saudável. O tratamento BRA não forneceu proteína suficiente para suprir a quantidade mínima de nitrogênio amoniacal solúvel no rúmen, nem mesmo nas primeiras horas pós prandiais. Os coeficientes de digestibilidade aparente de matéria seca e matéria orgânica foram superiores (P <0,05) para ALF. A digestibilidade aparente da PB apresentou diferenças (P <0,05) entre os três tratamentos, sendo que a maior foi observada para ALF (0,694) e a segunda, para TIF (0,500). A digestibilidade aparente da PB de BRA foi praticamente nula (0,001), indicando déficit protéico intenso, o que pôde ser comprovado pelo balanço de nitrogênio. A técnica in vitro de incorporação de radiofósforo para estimativa da síntese microbiana mostrou que houve efeito do tipo de inóculo (P = 0,0089) mas não do período, do substrato ou da interação inóculo*substrato (P >0,05). A técnica de derivados de purina, por outro lado, conseguiu representar as diferenças na capacidade de síntese microbiana, sendo que a maior produção microbiana foi observada para ALF. A análise geral dos resultados permitiu concluir que: i) o CVMS e a digestibilidade aparente dos fenos foram influenciados pela composição química dos alimentos, pela eficiência microbiana e pelas cinéticas de degradação, fermentação, passagem e digestão; ii) alimentos com baixo teor protéico tiveram efeito prejudicial no aproveitamento de nutrientes por ovinos e na manutenção de um ambiente ruminal saudável; iii) as técnicas in situ e in vitro para estimativa da cinética de degradação foram compatíveis; e iv) a cinética fermentativa (produção de gases) descreveu com maior fidelidade a degradação do alimento devido à ação microbiana.

ASSUNTO(S)

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