Dias e noites em Tamara – prisões e tensões de gênero em conversas com “mulheres de preso”

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Pagu

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/12/2019

RESUMO

Resumo Proponho, neste trabalho, uma reflexão teórico-metodológica que trata da pesquisa sobre prisões desde o lado de “fora”. Argumento que as pessoas (em sua maioria mulheres) que visitam esposos e filhos privados de liberdade são parte crucial na conformação da prisão extramuros. As relações que as “mulheres de preso” estabelecem com seus familiares, produzidas e mediadas pela prisão, demandam que elas atravessem as fronteiras prisionais para abastecer os presos com alimentos, roupas, cuidados e informações. Esse processo envolve trânsitos entre cidades, redes de solidariedade, confianças, desconfianças e discussões que ocorrem nas filas na porta da prisão e nas hospedarias que abrigam mulheres no período de visitas. A pesquisa de campo que informa este artigo se desenvolve em uma dessas hospedarias e na porta de uma prisão, contribuindo para a perspectiva de que os esforços analíticos sobre a prisão devem considerar os seus movimentos do lado de “fora”. As conversas entre mulheres, visitas e antropóloga também indicam articulações com gênero e sexualidade em relação aos desafios etnográficos que envolvem as muitas tensões em campo.Abstract In this study I propose a theoretical-methodological reflection on prison research from the "outside". I argue that people (mostly women) who visit spouses and sons deprived of their liberty are crucial to shaping prisons outside their walls. The relationships that "women of prisoners" establish with their family members, produced and mediated by the prison, demand that they cross prison boundaries to supply prisoners with food, clothing, care and information. This process involves movements between cities, solidarity networks, trust, suspicion and discussions that take place on the lines to enter the prison and in the rooming houses where women stay during the visiting period. The field research that informs the article took place at one of these lodgings and at the prison gate, contributing to the perspective that analysis of prisons should consider movements on the "outside". Conversations between women, visitors and the anthropologist also indicate gender and sexuality articulations in relation to the ethnographic challenges that involve the many tensions in the field.

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