DIÁLOGOS SOBRE MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA E EDUCAÇÃO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

AUTOR(ES)
FONTE

Psicol. Estud.

DATA DE PUBLICAÇÃO

10/06/2019

RESUMO

RESUMO Este trabalho teve como objetivo revisar a produção científica brasileira sobre medicalização no âmbito da educação. Foi realizada uma busca sistemática na literatura brasileira com as palavras-chave patologização da vida, a medicalização da educação, da aprendizagem, do ensino e da infância. Ao todo, foram selecionados para análise 40 artigos publicados entre 2010 e 2016, indexados na Scientific Electronic Library Online - SciELO. As informações foram analisadas com base na análise de conteúdo temática, proposta por Bardin. Os resultados evidenciaram uma diversidade de compreensões sobre o conceito de medicalização. Alguns artigos relataram a ocorrência de práticas educativas produtoras de sofrimentos e individualização da queixa escolar, evidenciando um descompasso entre a produção de literatura e o cotidiano da escola. Destaca-se ainda um significativo aumento de diagnósticos de TDAH e de terapias medicamentosas no tratamento da queixa escolar, expandindo, consequentemente, a indústria farmacêutica ao conceber a criança como um potencial consumidor de medicamento. Por fim, indicam-se novos estudos que possam ampliar as fontes de pesquisa, incorporando-se também teses e dissertações. Recomenda-se ainda pesquisas com crianças, familiares e comunidade escolar que possam analisar o impacto da medicalização na subjetividade e no desempenho dos estudantes.ABSTRACT This study aimed to review the Brazilian scientific production on medicalization in the field of education. A systematic search was carried out in the Brazilian literature with the keywords pathologization of life, medicalization of education, learning, teaching and childhood. In all, 40 articles published between 2010 and 2016, indexed in the Scientific Electronic Library Online - SciELO, were selected for analysis. The information was analyzed based on the thematic content analysis proposed by Bardin. The results showed a diversity of understandings about the concept of medicalization. Some articles reported the occurrence of educational practices that produce suffering and the individualization of school complaints, evidencing a disagreement between the production of literature and the daily routine of schools. There has been also a significant increase in diagnoses of ADHD and drug therapies in the treatment of school complaints, thus expanding the pharmaceutical industry by conceiving children as potential consumers of medication. Finally, new studies are indicated to broaden the sources of research, incorporating also theses and dissertations. It is also recommended the realization of research with children, relatives, and the school community so as to analyze the impact of medicalization on the subjectivity and performance of students.

Documentos Relacionados