Diálogo do imponderável : cinco ensaios sobre o objeto psicológico a partir da filosofia da mente

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

É bem conhecido por todos os estudiosos do campo psicológico uma indisfarçável dificuldade que surge toda vez que o objeto de seus estudos é evocado. De todos os problemas epistemológicos que uma ciência possa enfrentar, certamente uma conceituação fragmentada de seu objeto é o mais comprometedor deles. Eis aí o ponto crucial do estatuto psicológico. Independente de qual explicação se apresente para justificar tal estado de fragmentação, o fato é que as diferentes comunidades de pesquisa, tidas por escolas, não comungam das mesmas noções de base para conceituarem aquilo que estão estudando. Por noções de base entenda-se modelos que antecedem a própria definição do objeto. Na falta de um modelo para o objeto psicológico que seja amplo o bastante para situar as órbitas das escolas em torno de um eixo coeso, cada uma delas elege sua própria concepção de objeto, o que passaremos a considerar como os objetos menores da psicologia. Se uma ciência é capaz de tanta diversidade em seu corpus, a ponto de tornar temerária qualquer tentativa de coesão de suas partes, por certo deve possuir alguma característica que a faça sui generis. Tal característica só pode ser entendida na própria natureza de seu objeto, cuja fenomenologia pode ser qualificada de dupla-face, ora circunscrevendo propriedades físicas (próprias do terreno das chamadas ciências da natureza), ora circunscrevendo propriedades abstratas (próprias do terreno das chamadas ciências do espírito). Isto é o que chamamos imponderável, pois esta versatilidade, intrínseca ao objeto psicológico, traduz também o seu caráter paradoxal. Ao longo desta tese, pretende-se demonstrar, com base neste caráter, a íntima dependência da psicologia com respeito à filosofia da mente, pois a solução epistemológica daquela passa pela dissolução do problema mente-corpo refletido por esta. Examinando minuciosamente certos traços das obras de quatro grandes pensadores, a saber, R. Descartes, G. Ryle, S. Freud e C. G. Jung, este problema filosófico se evidencia sob diferentes roupagens, algo que, não obstante as diferenças entre eles, aponta para um elo problemático comum, o qual também pode estar apontando para um possível modelo mais amplo para o objeto psicológico, que coincida com o que esta tese considera ser o objeto maior da psicologia. A este hipotético modelo, o trabalho a seguir oferece a terminologia do híbrido para elucidá-lo, empregando, para tal, um entrecruzamento de reflexões históricas e epistemológicas, desembocando em uma hermenêutica fenomenológica.

ASSUNTO(S)

filosofia hybrid corpo e mente problemas mind-body problem fenomenologia imponderable objeto psicológico psychological object imponderável phenomenon

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