Diagnóstico, tratamento e seguimento do esôfago de Barrett: revisão sistemática

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Gastroenterol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-09

RESUMO

RESUMO CONTEXTO: O esôfago de Barrett (EB) é uma condição que aumenta o risco de ocorrência de displasias e câncer no esôfago, a qual apresenta inúmeras controvérsias entre médicos generalistas e até especialistas, em especial no que tange o seu diagnóstico, tratamento e seguimento. OBJETIVO: Tentar esclarecer as controvérsias relacionadas ao estabelecimento do diagnóstico, tratamento, seguimento e vigilância do EB. MÉTODOS: Foi realizado revisão sistemática da literatura fundamentada apenas em ensaios clínicos randomizados e controlados (completos ou em fase IV), em indivíduos maiores que 18 anos, publicados nos últimos 10 anos, por meio de busca, nas bases de dados: PubMed, Cochrane e SciELO (utilizando os termos MeSH e não-MeSH: “Barrett” no título AND diagnosis or treatment or therapy or surveillance” em todos os campos). RESULTADOS: Um total de 42 ensaios clínicos controlados e randomizados foram identificados e selecionados após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Evidenciou-se, principalmente, o surgimento de técnicas seguras, alternativas à endoscopia digestiva alta (EDA) tradicional para aprimorar a detecção do esôfago de Barrett, associadas a boa aceitação por parte dos pacientes, quando realizadas por meio de acesso nasal. Ainda, o uso de protocolo de biópsias guiadas por cromoendoscopia eletrônica favoreceu reduzir significativamente o número de biópsias necessárias para alcançar as melhores taxas de identificação histológica do EB. Ademais, foi evidenciado que o uso de esomeprazol 40 mg 2x/dia associado ao ácido acetil salicílico 300 mg/dia pode ter efeito protetivo em relação ao desenvolvimento de câncer no EB, além de ser identificado protocolos de seguimento e vigilância endoscópica dos pacientes com EB >1 cm fundamentados, especialmente, no grau de displasia e comprimento do EB (EB sem displasia com 1 a 3 cm = EDA a cada 5 anos; EB sem displasia com >3 a 10 cm = EDA a cada 3 anos; EB com displasia de baixo grau = EDA a cada 6 a 12 meses; EB com displasia de alto grau = realização de terapia endoscópica ablativa e EDA a cada 3 meses). CONCLUSÃO: Foi verificado a necessidade do desenvolvimento de mais ensaios clínicos randomizados e controlados relacionados ao tema, especialmente no que tange o estabelecimento do seguimento e vigilância do EB, entretanto, na luz das melhores evidências apresentadas na última década, o diagnóstico de EB deve seguir, idealmente, protocolos de biópsias guiadas por cromoendoscopia eletrônica. Ademais, o tratamento deve ser fundamentado primeiramente em técnicas endoscópicas, especialmente aquelas terapias com radiofrequência, e quando associado a displasia de alto grau, deverá ser ponderado quanto aos riscos de se insistir em métodos endoscópicos ablativos ou considerar um tratamento cirúrgico ressectivo. Por fim, reforça-se a necessidade de todo paciente com EB >1 cm permanecer em seguimento endoscópico por toda a sua vida, conforme protocolos pré-estabelecidos, exceto se apresentar comorbidades limitantes que impediriam a realização de alguma conduta mais intervencionista. Infelizmente, não há ensaios clínicos randomizados que avaliaram qual é a melhor recomendação de protocolo para o seguimento endoscópico de EB (>1cm), porém, baseado nas atuais Guidelines Internacionais, é recomendado esofagogastroduodenoscopia (EGD) a cada 5 anos em EB sem displasia com 1 a 3 cm de extensão; a cada 3 anos em EB com displasia com 3 a 10 cm de extensão, a cada 6 a 12 meses em EB com displasia de baixo grau e, finalmente, EGD a cada 3 meses após terapia ablativa endoscópica nos casos de EB com displasia de alto grau.

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