Diabetes mellitus entre os idosos no município de São Paulo: uma visão longitudinal / Diabetes Mellitus among elderly population in the city of São Paulo: prospective view

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O envelhecimento populacional vem ocorrendo de forma extremamente rápida nos países em desenvolvimento, implicando em maior prevalência de doenças crônico-degenerativas. Dentre estas, destaca-se o diabetes mellitus, síndrome caracterizada por estado crônico de hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, associada à deficiência absoluta ou relativa de insulina e/ou à sua ação no organismo. A prevalência de diabetes vem aumentando em proporções epidêmicas, principalmente entre os idosos, e suas complicações são altamente incapacitantes e onerosas para o Sistema de Saúde. Assim, os objetivos do presente estudo foram: traçar o perfil das condições de vida e saúde da população idosa (60 anos e mais), residente no município de São Paulo, portadora de diabetes mellitus e verificar a associação da doença à ocorrência de óbito nesta população em um período de seis anos. Para isso foram utilizados dados do Estudo SABE– Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento, inquérito multicêntrico desenvolvido em países da América Latina e Caribe. Este estudo caracteriza-se, no primeiro momento, como uma pesquisa exploratória, descritiva, retrospectiva e com abordagem quantitativa, e no segundo momento, como um estudo longitudinal. A prevalência de diabetes mellitus encontrada foi de 17,9%, comparável à de países desenvolvidos; esta prevalência decrescia com a idade, levando à suposição de que estes idosos estariam tendo uma mortalidade precoce. Mulheres apresentaram maior prevalência em todas as faixas etárias. Quanto às condições sócio-demográficas, verificou-se que os diabéticos, sobretudo as mulheres, possuíam baixa escolaridade e referiram renda insuficiente para suas despesas; uma parcela importante destes idosos ainda trabalhava, justificando a necessidade de aumentar sua fonte de renda. A maioria dos homens vivia em casais ou em arranjos bigeracionais, enquanto as mulheres viviam em arranjos bi e trigeracionais, refletindo maior dependência destas com relação à ajuda de filhos e/ou netos. Verificou-se com grande freqüência inadequação do tratamento da doença nestes idosos, com 16% em monoterapia com dieta e 17,4% sem tratamento algum; apesar disto, a maioria acreditava ter bom controle da doença. Encontrou-se entre os diabéticos maiores prevalências de obesidade, sedentarismo, hipertensão, doenças cardíacas, artrite, acidente vascular cerebral, amputações de membros inferiores, quedas, incontinência urinária e intestinal, dificuldade nas atividades de vida diária, declínio cognitivo e depressão. A procura por atendimento médico e internações hospitalares também foram mais freqüentes entre os portadores da doença, que também apresentaram internações mais prolongadas, refletindo o impacto da doença no Sistema de Saúde. Por fim, verificou-se através de regressão logística a grande influência do diabetes mellitus no desfecho óbito, multiplicando este risco em 2,55 vezes quando associado a outras enfermidades. Estes resultados reforçam a necessidade do estabelecimento de políticas públicas voltadas para a detecção precoce da doença e prevenção de suas complicações, principalmente nas faixas etárias mais elevadas

ASSUNTO(S)

diabetes mellitus population ageing condições de saúde mortalidade diabetes mellitus envelhecimento da população mortality health status

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