Dez anos de malhação : e como fica a adolescência

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O interesse pela “novelinha” Malhação - exibida pela Rede Globo desde 1995 até o presente ano (dados coletados em 2005) - advém de pesquisa anterior (Menegaz C. e Milnitsky-Sapiro, C., 2000), quando outra mídia para adolescentes foi investigada - a revista Capricho - e constatou-se que a grande popularidade dessas produções entre os jovens deve-se à permanente e intensa possibilidade de identificação dos adolescentes leitores/telespectadores com seus personagens e ídolos. Essa identificação estabelece laços de pertencimento com o “bonzinho/a”, “esperto/a”, “careta” ou “vilã/o”, dependendo da “hora e da vez”; porém, os estereótipos ou “modos de ser”, juntamente com seus respectivos ícones de consumo, permanecem “na telinha” com hora e lugar estáveis no cotidiano dos jovens. Isto é, muda-se o ator e a trama, mas o lugar da cena permanece no imaginário dos jovens que “também querem ser”. Este estudo investigou temas de episódios e personagens do seriado, bem como o conteúdo das narrativas dos adolescentes entrevistados participantes desse estudo, com o objetivo de analisar como se estabelecem os laços com os adolescentes telespectadores, quais são seus efeitos e como estes se mantêm na cultura da descartabilidad A partir dos dados obtidos com as entrevistas e análise de capítulos, investigou-se como a “novelinha” Malhação – que já marcou mais de uma geração de jovens – exerce uma função na cultura dos adolescentes pesquisados no que se refere a ícones de consumo, modelos de ser ou formas de subjetivação de adolescentes pertencentes ao nível sócio econômico (NSE) médio, cujas idades caracterizam o processo adolescente (entre 12 e 17 anos de idade), de ambos os sexos, da cidade de Porto Alegre (RS), conforme o público-alvo segmentado para o seriado. Este estudo propôs, inicialmente, uma breve revisão sobre o conceito de adolescência na contemporaneidade, seguida da análise de temas dos capítulos. Após, foi feita a análise das narrativas adolescentes, das quais emergiram categorias que revelam a função da Malhação na cultura adolescente contemporânea. Neste trabalho, a mídia surge com um papel crucial na promoção, propagação e divulgação desses modelos na contemporaneidade, exercendo uma função que engloba criação, divulgação, promoção e oferta, muito semelhante aos produtos vendidos “entre atos” (nos comerciais), promovendo uma continuidade, em um cenário de massificação / globalização de identidades juvenis e conseqüentes descartabilidades, em detrimento do próximo apelo de consumo e adoção, rapidamente sugerida, de novos ícones de pertencimento. Ícones tais que evocam modelos identificatórios (Menegaz & Milnitsky) e influenciam as relações interpessoais (Giongo, 1998)

ASSUNTO(S)

malhação (telenovela) adolescência cultura identificação (psicologia) televisão : aspectos sociais

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