Dexametasona diminui a recorrência de migrânea observada após tratamento com um triptano e um antinflamatório não esteroide

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Neuro-Psiquiatria

DATA DE PUBLICAÇÃO

2001-09

RESUMO

TEMA E OBJETIVOS: Triptanos são drogas eficientes para o tratamento agudo da migrânea. Entretanto, cerca de 30 a 40% dos pacientes tratados, comumente apresentam recorrência antes de 24 horas e consequentemente necessitam de uma nova dose. A associação de antinflamatórios não esteroides (AINE) como o ácido tolfenâmico e o naproxeno sódico demonstraram eficácia na redução da recorrência observada com o uso isolado do sumatriptan. Esteróides também têm sido indicados para o tratamento da migrânea refratária e para o status migranosus. O objetivo desse estudo foi avaliar se pacientes que apresentam recorrência frequente mesmo com a combinação de um triptano e um AINE, poderiam diminuir a recorrência com a adição de dexametasona. MÉTODO: Vinte e três pacientes, 17 mulheres e 6 homens, com o diagnóstico de migrânea de acordo com os critérios da IHS (Sociedade Internacional de Cefaléia) foram estudados prospectivamente. Todos apresentaram recorrência frequente ( > ou = 60%, média de recorrência 74,8%) com o uso isolado de sumatriptan 100mg ou zolmitriptan 2,5mg ou rizatriptan 10mg em pelo menos 5 crises consecutivas, e não revelaram redução da recorrência superior a 20% com a adição de ácido tolfenâmico 200mg ou rofecoxib 25mg em pelo menos 5 outras crises consecutivas (média de recorrência 60%). Os pacientes deveriam tratar 6 crises consecutivas de intensidade moderada ou intensa com a sua medicação habitual mais 4mg VO de dexametasona ingerida simultaneamente, não mais de duas vezes por semana, e preencher um relatório diário com as características da dor. RESULTADOS: Vinte pacientes, 16 mulheres e 4 homens, completaram o estudo. Entre os pacientes que completaram o estudo, 11 usaram rizatriptan + rofecoxib, 4 rizatriptan + ácido tolfenâmico, 3 pacientes zolmitriptan + rofecoxib, 1 zolmitriptan + ácido tolfenâmico e 1 paciente utilizou sumatriptan + ácido tolfenâmico. Todos os pacientes tomaram, como terceira droga, um comprimido de 4mg de dexametasona. Todos utilizaram formulações orais não tendo sido relatado vômitos após esse uso. Entre os 20 pacientes, uma paciente e um paciente apresentaram recorrência em 3 de 6 crises tratadas (50%) enquanto entre os 18 remanescentes houve recorrência em 1 ou 2 crises tratadas (média de recorrência 23,4%) (p<0,001). CONCLUSÃO: Concluímos que pacientes com migrânea recorrente, mesmo em uso da combinação de um triptano e um AINE, podem se beneficiar com o uso criterioso de dexametasona oral. Estudos com delineamento do tipo caso-controle ou randomizados e duplo-cegos são necessários para confirmar estas observações.

ASSUNTO(S)

recorrência da migrânea dexametasona triptanos antinflamatórios não esteroidais

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