Deve-se suspender o uso de anticoncepcional hormonal combinado oral quanto tempo antes da avaliação da função ovariana?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Espírito Santo

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

O Ministério da Saúde recomenda a dosagem do hormônio folículo estimulante (FSH) na fase folicular precoce ao ciclo menstrual após a interrupção do anticoncepcional hormonal combinado oral (AHCO) e caso o resultado seja maior que 40 mUI/ml deve-se confirmar com nova dosagem 30 dias após a suspensão do AHCO

Menopausa é um período fisiológico caracterizado pela cessação dos ciclos menstruais por um período de 12 meses ou mais. Por ter ocorrência eminentemente clínica não há, portanto, necessidade de dosagens hormonais a não ser quando a menopausa for cirúrgica e/ou houver dúvidas em relação ao quadro hormonal

As mulheres com boa reserva ovariana tem produção suficiente de hormônios ovarianos no início do ciclo menstrual para manter o FSH em um nível baixo. Já as mulheres com um número reduzido de folículos e oócitos têm insuficiente produção de hormônios ovarianos para proporcionar uma inibição pituitária da secreção de FSH e consequentemente há um aumento do hormônio folículo-estimulante no início do ciclo menstrual

A avaliação da função ovariana é indicada para mulheres com falência ovariana prematura, história familiar de falência ovariana prematura, nas pacientes jovens que serão submetidas a tratamentos para neoplasias podendo acarretar em infertilidade futuramente e nas pacientes inférteis candidatas a técnicas de reprodução assistida para avaliar o prognóstico para gestação viável.³

A dosagem do FSH é suficiente para o diagnóstico de hipofunção ou falência ovariana, quando o resultado for maior do que 40 mUI/ml. Para verificar a instalação do climatério é necessário dosar o FSH na fase folicular precoce ao ciclo que se segue à parada do anticoncepcional. Valores maiores que 40 mUI/ml sugerem falência ovariana devendo se repetir a dosagem hormonal 30 dias após a suspensão da medicação para confirmação

No caso de mulheres mais jovens ou as com mais de 35 anos que tenham fatores de risco para insuficiência prematura do ovário sugere-se dosar o FSH e estradiol no 3º dia do ciclo menstrual. A dosagem do FSH é um exame simples e possui baixo custo. Considera-se um valor inferior a 10 mIU / ml sugestivo de reserva ovariana adequada e níveis de 10 a 15 mIU / ml limítrofes. O limite superior para a concentração normal de FSH é laboratório dependente; valores de corte de 10 a 25 mUI / mL foram relatados por causa da utilização de diferentes padrões de referência ensaio de FSH e metodologias de ensaio. Os níveis de estradiol basais elevados devem-se ao recrutamento folicular precoce avançado que ocorre em mulheres com reserva ovariana pobre. Altos níveis de estradiol podem inibir a produção de FSH pituitária e assim mascarar um dos sinais de diminuição da reserva do ovário em mulheres na perimenopausa. Assim, a medição de ambos os níveis de FSH e estradiol ajuda a evitar ensaios FSH falso-negativo

Os estudos indicam que há um alto grau de atenuação das gonadotrofinas hipofisárias durante o uso do contraceptivo oral e um alto poder de recuperação da hipófise durante o tempo de pausa entre as cartelas. Tal fato indica que no período de pausa do anticoncepcional o eixo hipotálamo-hipófise não permanece bloqueado sendo importante para o clínico na identificação da falência ovariana na usuária de contraceptivo hormonal oral

Estudo observou que os níveis de hormônio folículo estimulante (FSH) são significativamente suprimidos em mulheres que fazem uso de contraceptivos orais contendo estrogênio e podem não retornar aos níveis basais até duas semanas após o último comprimido ativo. Portanto, a medição do FSH durante o uso de contraceptivos orais pode não ser fiável ​​para determinar o status da menopausa

Um estudo indicou que para avaliar a função ovariana é mais apropriado interromper o uso de contraceptivo oral por pelo menos dois meses

Já outro estudo sugere que a interrupção da pílula e dosagem do FSH seja feita duas a quatro semanas após o sétimo dia de interrupção da AHCO. Um nível maior ou igual a 25 UI / l indica que o paciente provavelmente entrou na transição da menopausa. No entanto, não há nenhum índice de FSH que forneça garantia absoluta de entrada na pós-menopausa

No estudo que avaliou os efeitos do anticoncepcional sobre a hipófise após cerca de três semanas de uso diário e após sete dias da interrupção, na semana do intervalo livre da medicação, os níveis de FSH aumentaram de 1,3 mUI/ml, no dia da ingestão do último comprimido, para 5,7 mUI/ml no sétimo dia de pausa; sendo observado um aumento acima de 400%. Já os níveis de LH aumentaram de 0,8 mUI/ml para 4,3 mUI/ml sofrendo um incremento acima de 300%. O aumento de estrogênio foi de 20,2 para 28,0 pg/ml. Os níveis de prolactina diminuíram de 12,4 para 10,2 ng/ml. Concluiu-se que a concentração sérica das gonadotrofinas nos últimos dias da cartela do anticoncepcional testado está intensamente suprimida, havendo incremento de 3 a 4 vezes nos dias de intervalo de uso

Longitudinalidade: o acompanhamento da paciente com falência ovariana requer uma relação pessoal de confiança e corresponsabilidade entre a paciente e a equipe de saúde. Uma boa relação médico paciente poderá contribuir para a aplicação das condutas necessárias já que se trata de um assunto que lida diretamente com questões físicas e emocionais.

ASSUNTO(S)

saúde da mulher médico w11 contracepção oral x07 menstruação irregular / frequente x11 sinais e sintomas da menopausa / climatério anticoncepcionais orais combinados anticoncepcionais orais hormonais mudança de vida feminina testes de função ovariana b - estudos experimentais ou observacionais de menor consistência

Documentos Relacionados