Determinação dos valores de referência das pressões respiratórias estáticas máximas na lesão medular traumática

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Introdução: As alterações pulmonares nos indivíduos com lesão medular traumática, principalmente tetraplégicos, contribuem para elevação de suas taxas de morbidade e mortalidade. A síndrome restritiva nesses pacientes é conhecida e justifica-se pela fraqueza ou paralisia dos músculos respiratórios. A determinação das pressões respiratórias máximas compõe a caracterização da função pulmonar, além da espirometria e determinação de volumes pulmonares. Objetivo: Descrever as alterações espirométricas; mensurar as pressões inspiratória e expiratória estáticas máximas; correlacionar os valores médios dos percentuais dos previstos das pressões respiratórias estáticas máximas com o nível motor da lesão medular traumática e estabelecer equações dos valores previstos das pressões inspiratória e expiratória estáticas máximas para os indivíduos com lesão medular traumática. Casuística, Material e Métodos: Foram estudados 131 pacientes com lesão medular traumática de nível motor entre C4 e L3. Os pacientes foram agrupados em tetraplégicos (52, 40%, divididos em subgrupos de C4-C5 e C6-C8) e paraplégicos (79, 60%, divididos em subgrupos de T1-T6 e T7-L3). Independentemente do nível da lesão, a amostra foi composta por 90 homens, com idade média de 3112 anos; tempo médio de lesão de 2537 meses; 76% com lesão motora completa e 31% com história de tabagismo. A avaliação da função pulmonar foi realizada, por espirometria e por medidas das pressões inspiratória (PIMáx) e expiratória (PEMáx). O registro da pressão foi obtido com oclusão do sistema na capacidade pulmonar total para PEMáx e no volume residual para PIMáx. Conduzida análise de regressão linear simples em 99 pacientes com lesão medular motora completa. Foi realizada a análise de regressão múltipla, com base nas variáveis relacionadas ao indivíduo e clínicas: nível, extensão e tempo de lesão. Resultados: Considerando os percentuais do previsto, a capacidade vital forçada foi diferente entre os subgrupos (P<0,001), com tendência de elevação a partir dos pacientes com lesão cervical alta (49%25) até os níveis mais baixos (84%15). A PImáx média variou de 5628 a 10134 cmH2O, e a PEmáx média variou de 3929 a 10332 cmH2O. A regressão linear simples entre nível motor específico da lesão e os valores médios percentuais dos previstos das pressões respiratórias estáticas máximas foi melhor para PEMáx (r= 0,81, P<0,0001; r2= 0,65), em relação a PIMáx (r= 0,62, P=0,004; r2= 0,38). Os modelos multivariados apresentaram como variável independente o gênero e o nível motor da lesão, para ambas as pressões. Para PIMáx, o peso e a história de tabagismo também foram considerados e para PEMáx, a extensão da lesão. Os coeficientes de determinação ajustados R2 foram de 0,44 e 0,50, respectivamente para PImáx e PEmáx. Conclusão: Os resultados confirmam a restrição pulmonar, principalmente entre os tetraplégicos, com normalidade para os paraplégicos baixos. As equações de previsão obtidas foram baseadas em uma casuística considerável em se tratando de pacientes com lesão medular traumática. A próxima etapa dessa investigação será sua validação em uma população distinta, com lesão medular, quando então teremos a resposta definitiva sobre sua utilidade clínica.

ASSUNTO(S)

medicina teste de função pulmonar medula espinhal - ferimentos e lesões análise de regressão múltipla lesão medular testes funcionais dos pulmões espirometria pressões respiratórias máximas traumatologia equações de previsão

Documentos Relacionados