Determinação da grelina acilada e dos ácidos graxos livres durante teste de tolerância oral à glicose na gestação normal e na gestação complicada por diabetes gestacional

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/11/2009

RESUMO

O diabetes gestacional é sabidamente um estado de resistência à insulina. Torna-se, portanto, um excelente modelo para o estudo do comportamento de diversas variáveis metabólicas que apresentam alteração com relação à resistência insulínica. Essas variações ocorrem tanto no estado de jejum quanto no estado pós-prandial, motivo pelo qual o teste de tolerância oral à glicose (TTOG) no diabetes gestacional pode ser utilizado para fins de estudos em resistência insulínica. O objetivo do primeiro artigo deste trabalho é avaliar o comportamento da grelina acilada durante o TTOG em gestantes com e sem alteração no metabolismo glicêmico. A grelina é um hormônio peptídico produzido principalmente pelo estômago e seu receptor GHS-R1a, expresso principalmente na hipófise e hipotálamo. Entretanto, para a ligação ao receptor GHS-R1a é necessário a acilação de um de seus resíduos a serina tornando-a, assim, ativa. Apresenta uma variação circadiana típica em adultos normais, com aumento no estado pré-prandial e decréscimo no estado pós-prandial. A supressão prandial encontra-se prejudicada em várias patologias que apresentam resistência à insulina, como o diabetes e a síndrome do ovário policístico. No metabolismo glicêmico, a grelina acilada promove inibição tônica à secreção de insulina glicose estimulada e aumento da secreção hepática de glicose. Estas ações são supostamente antagonizadas pela grelina não ativa ou desacilada. Torna-se fundamental, portanto, analisar o efeito, padrão e regulação da grelina acilada no metabolismo glicêmico normal ou alterado pelo diabetes gestacional. Para tal, foram recrutadas 41 mulheres: 28 gestantes realizaram o teste de tolerância oral à glicose (75g-2h-TTOG) após a 24a semana de gestação, enquanto outras treze mulheres saudáveis voluntárias, pareadas para o índice de massa corporal, também realizaram o mesmo TTOG e compuseram o grupo controle (NOR). As gestantes avaliadas foram separadas em grupos de acordo com as recomendações da Associação Americana de Diabetes (ADA) no Fourth Workshop-Conference on Gestational Diabetes Mellitus, sendo quinze gestantes portadoras de diabetes gestacional (GDM) e outras treze gestantes sem alterações no TTOG (GES). Foram determinados os valores basais e após 60 e 120 minutos de glicemia, insulina e grelina acilada. A grelina acilada não apresentou diferença estatística entre os grupos no estado basal. Os grupos avaliados também não apresentaram variação estatística nos valores de grelina acilada durante o teste de tolerância oral à glicose, se comparado aos seus valores basais de grelina acilada. No entanto, quando comparamos as curvas de grelina acilada avaliadas durante o teste de tolerância à glicose, os grupos foram diferentes estatisticamente na análise de variância bi caudada para medidas repetidas (p = 0,018). Ao aplicarmos o teste de Holm-Sidak para diferenciar os grupos durante o TTOG, foi detectada uma diferença entre os grupos GES e GDM aos 60 minutos, com o grupo GDM apresentando valores estatisticamente mais baixos (p = 0,006). Mostramos, assim, pela primeira vez, que a grelina acilada não apresenta supressão à sobrecarga de glicose na gestação com ou sem diabetes gestacional e em mulheres não gestantes pareadas para o índice de massa corporal. No entanto, a grelina acilada apresenta-se mais baixa aos 60 minutos no diabetes gestacional, quando comparada com gestantes sem diabetes gestacional, apontando para a possibilidade de a grelina acilada apresentar um papel na fisiopatologia do diabetes gestacional. Altos valores de ácidos graxos livres são descritos como relacionados à fisiopatologia da resistência à insulina. Os ácidos graxos livres foram anteriormente descritos como elevados no terceiro trimestre de gestação. O objetivo do segundo artigo foi avaliar os ácidos graxos livres na gestação normal e complicada pelo diabetes gestacional, durante o teste de tolerância oral à glicose. Vinte mulheres quatorze com diabetes gestacional e seis gestantes saudáveis foram avaliadas no terceiro trimestre de gestação com teste de tolerância oral à glicose (100g-3h-TTOG). Foram determinados os valores de glicemia e dos ácidos graxos livres durante os quatro tempos. Mostramos declínio significante dos ácidos graxos em ambos os grupos do jejum aos 60 minutos (p <0,05). O grupo com diabetes gestacional mostrou valores mais altos de ácidos graxos livres durante toda a curva, com diferença estatística entre os grupos demonstrada pelo teste de análise de variância bi caudada para medidas repetidas (p <0,001). Os valores dos ácidos graxos livres diminuem durante o TTOG no diabetes gestacional, mas permanecem ainda mais elevados quando comparados à gestação normal. Estes valores mais altos de ácidos graxos livres no grupo de pacientes com diabetes gestacional possivelmente encontram-se relacionados ao quadro de resistência à insulina do diabetes gestacional

ASSUNTO(S)

obstetrícia teses gravidez complicações diabetes gestacional/fisiopatologia decs teste de tolerância à glucose decs grelina/metabolismo decs Ácidos graxos não-esterificados/metabolismo decs glicemia/metabolismo decs transtornos do metabolismo de glucose decs complicações na gravidez decs gravidez/metabolismo decs dissertações acadêmicas decs

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