Desenvolvimento, sustentabilidade e manejo madeireiro em comunidades no sudoeste da AmazÃnia : um olhar para alÃm da Engenharia Florestal / Development, sustainability and wood management in communities in the southwest of the Brazilian Amazonian: a glance besides the Forest Engineering

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta pesquisa se dà no contexto do alegado e inevitÃvel embate entre pecuÃria e manejo florestal madeireiro enquanto opÃÃes tecnolÃgicas para o desenvolvimento de comunidades que vivem na floresta do estado do Acre, Brasil. EntÃo, esse estudo visa contribuir com a anÃlise da sustentabilidade da polÃtica de difusÃo desse tipo de manejo, em curso hà mais de uma dÃcada nesse estado da AmazÃnia brasileira. Para tal pretendeu responder, alÃm de outras delas derivadas, as seguintes questÃes bÃsicas: (1) Como se deu a construÃÃo histÃrica dos conceitos de âdesenvolvimentoâ?; (2) O manejo florestal madeireiro comunitÃrio à viÃvel financeiramente na escala praticada hoje no Acre? Qual a influencia dos subsÃdios e da taxa de juros nessa viabilidade?; (3) Hà diferenÃa significativa entre a estrutura original da floresta (inventÃrio 100%) e a estrutura remanescente (inventÃrio 100% - Ãrvores selecionadas para abate) na escala praticada? e (4) Quais os impactos do processo de difusÃo do manejo em elementos importantes da estrutura social existente, como relaÃÃes com a floresta e com o mercado e organizaÃÃo local do trabalho? Cada pergunta corresponde a um capÃtulo, que tÃm metodologias prÃprias para respondÃ-las e conversam entre si por 3 categorias de anÃlise: teoria, tecnologia e estrutura. Para Donald Schon, qualquer sistema social consiste, basicamente, de uma estrutura, uma tecnologia e uma teoria. A estrutura à o conjunto de papÃis e de relaÃÃes entre os membros, a tecnologia à o conjunto vigente de normas e praxes consolidadas â atravÃs do qual as coisas sÃo feitas e os resultados conseguidos e a teoria à o conjunto de regras epistemolÃgicas segundo o qual a realidade interna e externa à interpretada e tratada em termos prÃticos. Ao mesmo tempo estas categorias dÃo conta das 3 dimensÃes do conceito do âdesenvolvimento sustentÃvel, que seria materializado em tecnologias rentÃveis, eco-eficientes e socialmente justas. O diÃlogo dos resultados obtidos nos capÃtulos mostra que as relaÃÃes entre a teoria cientÃfico-mercadolÃgica hegemÃnica e a tecnologia proposta se mostram em desordem. O maior cuidado tÃcnico-cientÃfico na exploraÃÃo da madeira, alÃm de nÃo garantir a conservaÃÃo da estrutura da floresta como sugere o capÃtulo IV, nÃo se reverteu em ganho financeiro para essas comunidades, como se viu no capÃtulo III. Comunidades que, aliÃs, como se viu no capÃtulo V, nunca tinham sequer pensado esse tipo de exploraÃÃo em suas florestas, tendo sido abordados numa aÃÃo de convencimento, de difusÃo do manejo madeireiro. Ou seja, pelos casos estudados, parece que a polÃtica de difusÃo do manejo madeireiro em comunidades no Acre nÃo cumpriu nenhuma de suas promessas originais: à limitada na conservaÃÃo da estrutura da floresta, nÃo gera renda se nÃo contar com subsÃdios e, por essa frustraÃÃo na renda, aponta para uma tendÃncia de colocar em movimento aquilo que buscava inicialmente conter, a pecuÃria; alÃm de estabelecer tambÃm duas tendÃncias de manejo madeireiro que nÃo alteram significativamente a organizaÃÃo do trabalho nas comunidades, a exemplo da pecuÃria: o manejo empresarial no Porto Dias e o manejo estatal nas outras duas comunidades. A dependÃncia do Estado do Acre dos financiadores externos à determinante, em nossa anÃlise, para esse frutificar de projetos de manejo madeireiro em comunidades de seringueiros. Ou seja, a estratÃgia à atualmente, como sempre foi para esses financiadores, promover mudanÃas na dimensÃo tecnolÃgica da sociedade acreana, mas agora contando com uma tecnologia eleita entre âalternativas de desenvolvimentoâ supostamente capazes de compatibilizar interesses econÃmicos com a conservaÃÃo ambiental e a justiÃa social. As demais dimensÃes, teÃrica e estrutural, mesmo que, respectivamente, irreal e injusta, herdadas ainda do sÃculo XIX e estabelecidas sob a teoria do mercado auto-regulÃvel e da ausÃncia do estado, mantÃm-se maquiadas e configuravam um ambiente onde, a forÃa econÃmica à o Ãnico determinante do poder e do controle. Pelo que vimos nesse estudo, conclui-se que o futuro dessas Ãreas passa mais pelo que os bilhÃes de habitantes fizerem aqui fora do que pelo que as dezenas de milhares fizerem là dentro. Num ou noutro lugar o sistema movido pela boa ganÃncia de Adam Smith levarà a desequilÃbrios sÃcio-ambientais. Sempre foi assim, em qualquer lugar. Por fim, o cerne da atual polÃtica de difusÃo do manejo madeireiro em comunidades no Acre à a viabilidade financeira pelo subsÃdio e nÃo pela tÃcnica. O oposto do preconizado pelo pensamento hegemÃnico que a financia.

ASSUNTO(S)

amazÃnia wood management desenvolvimento development manejo madeireiro sustentabilidade sustainability amazonian recursos florestais e engenharia florestal comunidades communities

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