Desenvolvimento Internacional no Contexto Brasileiro nos anos 1950 e 1960: Uma leitura pós-colonial de Guerreiro Ramos

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. EBAPE.BR

DATA DE PUBLICAÇÃO

2016-03

RESUMO

Resumo Este artigo analisa, sob uma perspectiva pós-colonial, ideias observadas na obra do sociólogo brasileiro Alberto Guerreiro Ramos. Para tanto, primeiro, examinamos a base da teoria pós-colonial, especialmente o contexto geral onde surgiu. Em seguida, examinamos o contexto histórico do Brasil nas décadas de 1950 e 1960, discutindo trabalhos do autor que retrataram as transformações no país nesse período. Dedicamos especial atenção à sua teoria da redução sociológica, pois esta mostra sua preocupação em discutir tanto o colonialismo epistêmico como sua noção de desenvolvimento. Finalmente, comparamos como a abordagem pós-colonial e as ideias de Guerreiro Ramos relacionam-se a uma das teorias mais disseminadas que têm o preceito de desenvolvimento como principal fonte de legitimidade: os Estudos Internacionais de Negócios e Gestão (EING). Esta análise demonstra que o colonialismo epistêmico foi uma das questões-chave do pensamento de Guerreiro Ramos. No entanto, conclui-se que, apesar dos méritos do autor em ter levantado uma discussão anterior e congruente com as preocupações pós-coloniais, seu pensamento estava profundamente enraizado em uma ideia mistificada de desenvolvimento internacional, semelhante à do EING, muito criticada pelo pós-colonialismo. Este artigo busca contribuir com os estudos organizacionais críticos brasileiros, demonstrando o potencial do pensamento pós-colonial para desafiar e desfamiliarizar pressupostos etnocêntricos e universalistas que têm embasado teorias e processos de tomada de decisão na maioria das sociedades do mundo desde a Segunda Guerra Mundial.

ASSUNTO(S)

pós-colonialismo discurso desenvolvimento colonização.

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