Desenvolvimento de oficinas de educação alimentar e nutricional pautadas no modelo transteórico para consumo de óleos e gorduras
AUTOR(ES)
Vanessa de Oliveira Siqueira
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
01/03/2012
RESUMO
Considerando-se o crescente aumento das doenças crônicas, a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) constitui uma importante estratégia de promoção da saúde, embora as intervenções nutricionais atualmente empregadas sejam pouco efetivas. Considera-se que melhores resultados seriam obtidos considerando o comportamento alimentar, com o uso do Modelo Transteórico. Neste sentido, esse trabalho propõe o desenvolvimento de oficinas de EAN, pautadas nos estágios de mudança de comportamento para consumo de óleos e gorduras, com usuários de Serviço Público de Promoção da Saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais. As oficinas foram aplicadas em amostra aleatória simples de indivíduos com idade igual ou superior a 20 anos, que participaram da validação do algoritmo para consumo de óleos e gorduras em pesquisa prévia realizada na Academia da Cidade, serviço de promoção da saúde. As oficinas foram desenvolvidas por nutricionista e psicóloga, de acordo com os estágios de mudança: pré-ação (pré-contemplação, contemplação e decisão) e ação (ação e manutenção), totalizando-se vinte encontros, com duração de uma hora e quinze minutos, sendo dez encontros para cada grupo. Ao grupo de indivíduos em pré-ação (GPA), no qual predominam processos de mudanças cognitivos, focou-se o aumento de consciência com temas relacionados à cidadania e saúde, apoio familiar, custo-benefício de uma alimentação saudável e percepção da autoimagem. Ao grupo de indivíduos em ação (GA), que predominam processos comportamentais, destacou-se a, administração de contingências e percepção dos estímulos causadores de recaídas, mediante ampliação do conceito de saúde, custo-benefício da alimentação saudável e oficinas culinárias. Efetuou-se a descrição dos dados sociodemográficos, consumo de alimentos ricos em óleos e gorduras e antropometria, bem como os testes estatísticos de Qui quadrado, t de Student e Mann- Whitney. Para a análise das oficinas, utilizou-se o protocolo de observação e controle de presença. Participaram 59 usuários, 30 pertencentes ao GPA e 29 ao GA, com predomínio de mulheres (91,5%) e de mediana de renda inferior ao salário mínimo. A prevalência de excesso de peso foi elevada (adultos: 78,9% e idosos: 66,7%), bem como o consumo de óleos e alimentos gordurosos, com destaque para a ingestão inadequada de óleos (90,9%) e o consumo de leite do tipo integral (67,2%). No GPA não foi observada participação direta de familiares na oficina. Quanto à imagem corporal, aparentemente, a tensão gerada pela conciliação entre as opiniões próprias e alheias sobre a forma corporal ideal favoreceu uma percepção deturpada do corpo. Os indivíduos do GA demonstraram possuir maior conhecimento sobre o conceito de saúde e seus determinantes sociais. As oficinas englobaram escolhas alimentares no momento da compra, visando fortalecer a leitura de rótulos, custo real do alimento saudável e a prática de compra. A abordagem da alimentação e ansiedade demandou maior profundidade teórica, porém mostrou-se insuficiente para aplicações práticas; nessa perspectiva, a Oficina dos Sabores apontou o preenchimento de tal lacuna. Conclui-se que, o programa de oficinas utilizado permitiu confrontar os hábitos alimentares com os estágios de mudança de comportamento, revelando a importância de intervenções interdisciplinares que considerem o sujeito como ser multideterminado no âmbito da Atenção Primária à Saúde.
ASSUNTO(S)
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/GCPA-8TRPG3Documentos Relacionados
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