Desenvolvimento de implantes intraoculares constituídos de poliuretanos biodegradáveis e acetato de dexametasona

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O tratamento de doenças do segmento posterior do olho é limitado pela dificuldade no transporte de doses efetivas de fármacos para o vítreo, retina e coróide. Apesar dos fármacos administrados por via sistêmica atingirem o segmento posterior do olho, as barreiras oculares naturais dificultam a absorção, e doses elevadas dos fármacos são requeridas para a manutenção da concentração dos fármacos em níveis terapêuticos eficazes dentro do olho. Injeções intravítreas são capazes de transportar os fármacos para o segmento posterior doolho, mas é uma técnica invasiva, pouco tolerada pelos pacientes e apresenta riscos de infecções oculares e danos aos tecidos. Visando a obtenção de níveis terapêuticos adequados de fármacos no segmento posterior do olho por longos períodos, sistemas de liberação poliméricos implantados diretamente no vítreo estão sendo investigados para o tratamento de várias doenças vítreo-retinianas. Neste trabalho, poliuretanos denominados PUD5 e PUD6, derivados de oli(e-caprolactona) e poli(etileno glicol), foram produzidos baseados em dispersões aquosas destes polímeros, e o acetato de dexametasona foi incorporado àsdispersões aquosas destes poliuretanos. A partir desta incorporação, implantes constituídos depoliuretanos e acetato de dexametasona foram desenvolvidos e explorados como dispositivos intra-oculares de liberação controlada do fármaco, destinados ao tratamento de doençasinflamatórias graves que acometem o segmento posterior do olho. Estes implantes foramcaracterizados por FTIR, XRD e SAXS, e também foram submetidos ao estudo de liberaçãoin vitro do acetato de dexametasona. Adicionalmente, os filmes de poliuretanos puros foram submetidos aos estudos de biodegradação in vitro e biocompatibilidade in vitro e in vivo. As diferentes técnicas de caracterização revelaram que o acetato de dexametasona manteve sua integridade química após dispersão nas matrizes poliméricas, e que o mesmo conduziu a uma nova morfologia do PUD5, enquanto que alterações significativas não foram detectadas na nanoestrutura do PUD6. Os sistemas poliméricos propiciaram a liberação controlada do acetato de dexametasona por um período prolongado, sem que picos de liberação do fármaco fossem detectados, representando uma vantagem dos sistemas. O processo de biodegradação dos poliuretanos conduziu à perda de massa e à formação de cristalitos, devido à hidrólise das ligações éster da poli(caprolactona) presentes nos segmentos macios destes biomateriais. Os segmentos rígidos, formados pelas ligações uretano, foram preservados durante a biodegradação. Além disso, células ARPE-19 incubadas em meio de cultura contendo os produtos de degradação de PUD5 e PUD6 apresentaram viabilidade, indicando que os 17mesmos não apresentaram efeitos citotóxicos significantes. Os poliuretanos demonstraram biocompatibilidade in vitro, uma vez que as células ARPE-19 foram capazes de aderir, migrar, proliferar e formar uma monocamada altamente organizada e funcional sobre as superfícies poliméricas. Os poliuretanos também demonstraram biocompatibilidade in vivo,uma vez que sinais de inflamação e desorganização dos tecidos oculares não foram detectados após implantação de PUD5 e PUD6 no espaço subretiniano e vítreo de olhos de ratos. Portanto, PUD5 e PUD6, poliuretanos biodegradáveis e biocompatíveis, possibilitaram o desenvolvimento de implantes intra-oculares de liberação controlada de acetato de dexametasona, destinados ao tratamento de doenças oculares que atingem o segmento posterior do olho.

ASSUNTO(S)

tecnologia farmaceutica teses. medicamentos teses. tecnologia de liberação controlada teses. polímeros na medicina teses. farmácia teses.

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