Desenvolvimento de curativos para cicatrização de feridas por segunda intenção baseados em biomateriais capazes de promoverem resposta celular controlada via estímulo externo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O mercado conta hoje com uma gama variada de curativos que têm por finalidade básica proteger feridas de possíveis infecções e ressecamento durante sua cicatrização. A evolução cientifíca aliada à elevada incidência de feridas cicatrizadas por segunda intenção e seus altos custos para a saúde pública têm estimulado pesquisadores de diversas regiões do mundo a buscar soluções mais eficientes e baratas, pautados na convicção de que um curativo não tem apenas que proteger feridas. Um bom curativo deve proporcionar proteção aos ferimentos, potencializar condições adequadas para a recuperação dos tecidos lesados, dar suporte para a fixação celular e desenvolvimento do novo tecido sadio. A estratégia, mais frequentemente utilizada, tem sido a de acelerar os mecanismos de proliferação celular buscando propiciar melhores condições para a recuperação da pele. Neste trabalho buscou-se, fazendo uso das múltiplas ferramentas associadas aos diversos campos da ciência dos materiais, elaborar um novo curativo que, no momento adequado e previamente estipulado, pudesse ser removido do tecido neoformado por meio de um estímulo externo favorecerendo o descolamento celular sem causar-lhe dano sensível. Utilizou-se, para desenvolvê-lo, polímeros baseados no poli(n-isopropilacrilamida) (P-N-IPAAm) que é sensível a estímulos externos pois possui a propriedade de transição de fase (LCST), que o torna hidrofílico quando atinge temperaturas abaixo de 32º C e hidrofóbico para temperaturas acima de 32ºC. A hipótese principal envolveu a utilização do comportamento desse polímero em contato com as novas células. Enquanto hidrofóbico, o polímero favorece a adesão celular, porém, quando tornado hidrofílico (abaixo da temperatura de transição), proporciona uma perda da aderência celular, denominado como mecanismo on-off. Preparou-se um curativo com duas camadas, sendo a primeira composta por um filme de poliuretano (PU) com 50 m de espessura, cuja função é a proteção do ferimento e a segunda composta por uma micro camada de enxertos de P-N-IPAAm, com a função de proporcionar boas condições de proliferação celular e o mecanismo on-off. Na primeira camada utilizou-se filmes de poliuretano termoplástico que foram fabricados por processo de espalmagem. Para inserir os enxertos de P-N-IPAAm, foi necessária a criação de grupos reativos à superfície do filme de PU, para isto utilizou-se dois tipos de tratamentos diferentes: efeito corona e radiação ultravioleta. Ambos os métodos foram efetivos na criação desses grupos, mas o tratamento por radiação ultravioleta se mostrou mais simples e eficiente. Realizou-se processo de enxertia de moléculas de P-N-IPAAm por polimerização radicalar em solução, utilizando-se nitrato cérico amoniacal como iniciador, e obtendo-se camadas de 3 a 8 m de espessura de polímero enxertado, nos filmes tratados com radiação ultravioleta. Detectou-se a transição LCST do P-N-IPAAm enxertado ao substrato de poliuretano em torno de 32C. Essa transição pode ser visualizada pelo ponto de turvação do filme e por diferenças na molhabilidade com água (ângulo de contato). Realizaram-se os testes do mecanismo on-off in vitro, com proteína albumina, fazendo a variação da temperatura acima e abaixo da transição LCST do P-N-IPAAm. Os resultados obtidos indicaram que a camada enxertada é adequada para viabilizar o mecanismo on-off e assim permitir o controle sobre o processo de adsorção e dessorção de albumina. Ralizaram-se testes de mecanismo on-off in vivo em camundongos através de feridas cicatrizadas por segunda intenção, colocando-se o material em contato direto com a ferida. Não foi possível verificar o mecanismo on-off até três dias de cicatrização, pois não houve aderência de tecido ao curativo. Nas análises de cinética de cicatrização e análises histológicas, verificou-se que as feridas com cobertura apresentaram processo inflamatório menos intenso e tecido conjuntivo mais denso do que as feridas sem cobertura. As feridas com cobertura com curativos possuindo enxertos (grafts) apresentaram sinais de reepitelização e angiogênese.

ASSUNTO(S)

engenharia metalúrgica teses. ciência dos materiais teses. bioengenharia teses.

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