Desamparo psíquico nos filhos de dekasseguis no retorno ao Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Editora UNESP

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015

RESUMO

O fenômeno dekassegui tem se destacado no Brasil pelo expressivo contingente de descendentes de japoneses que se desloca para o Japão, em busca de trabalho e de uma poupança financeira, e retorna novamente. Muitos refazem esse ciclo mais de uma vez, em sucessivas idas e vindas, caracterizando um movimento pendular. Esse livro, derivado de uma dissertação de mestrado, aborda a experiência de retorno ao Brasil, do migrante dekassegui, particularmente dos filhos desses migrantes, que acompanharam seus pais nessa saga migratória, ainda pequenos, alguns tendo nascidos no Japão. São relatados e analisados casos de crianças e adolescentes, destacando-se suas dificuldades e desafios no processo de integração ou de reintegração à cultura brasileira, que emergem principalmente no contato deles com o ambiente escolar. O desamparo psíquico no processo de adaptação/readaptação dos filhos de dekasseguis na chegada ao Brasil pôde ser identificado nas crianças e também nos próprios pais dekasseguis. Os pais sentem-se desamparados antes mesmo de retornarem para o Brasil. São inúmeras as dificuldades da família dekassegui na chegada ao Brasil, potencializadas por um sentimento de estranhamento do ambiente que antes era bastante familiar e de um estranhamento de si mesmo. Além disso, os pais se defrontam com a questão da identidade cultural de seus filhos, fortemente enraizada na cultura japonesa, o que não se tornava tão evidente quando viviam no Japão. A língua será o principal indicador das raízes mais profundas da identidade cultural dos filhos e o desafio maior a ser enfrentado. Também o fator idade, o tempo de permanência no exterior e o grau de escolaridade em que essas crianças se encontram no ato da imigração acabam contribuindo para as dificuldades de adaptação/readaptação à escola. No entanto, apesar de muitas dificuldades e desafios a serem enfrentados, os dekasseguis e seus filhos trazem consigo, no retorno, um capital cultural inestimável que precisa ser valorizado e aproveitado.

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