Deprivação materna no período neonatal e seus efeitos na consolidação da memória aversiva e espacial em ratos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A deprivação maternal é conhecida por promover alterações neuroquímicas, comportamentais e da estrutura cerebral que persistem ao longo da vida. Aqui investigamos se os déficits cognitivos em ratos deprivados podem ser relacionados com uma disfunção no sistema colinérgico e na síntese de proteínas relacionadas aos processos mnemônicos. Ratas Wistar prenhas foram colocadas em caixas individuais e mantidas no biotério no ciclo claro/escuro (12:12 horas) com comida e água a vontade. Após o parto, as mães foram separadas dos seus filhotes por 3 horas, por dia, a partir do dia 1 pós-parto (PND-1) até o PND-10. Para fazer isto, as mães foram removidas das caixas residência e colocadas em uma caixa diferente, enquanto os filhotes permaneceram na caixa original, a qual foi transferida para outra sala mantida a temperatura de 32°C. Quando adultos com 120-150 d ias de idade, os animais machos deprivados e não deprivados foram divididos em duas etapas experimentais: 1) Foram sacrificados para medirmos a acetilcolinesterase (AchE) ou treinados no reconhecimento de objetos e no reconhecimento social, ou 2) Foram treinados e testados na esquiva inibitória e no Morris water maze ou foram treinados e sacrificados para mensurarmos o fator de transcrição CREB e a síntese das proteínas ERK1/2 após o treinamento em 3 diferentes tempos. Na primeira etapa, a deprivação maternal repetida afeta a memória no reconhecimento de objetos e no reconhecimento social. Além disso, ratos deprivados mostraram aumento na atividade da AchE no hipocampo e no córtex perirrinal. A administração oral de inibidores da AchE donepezil ou galantamina (1mg/kg) 30 min antes da sessão de treino reverteu os prejuízos na memória causados pela deprivação maternal. Na segunda etapa, mostramos que a deprivação maternal repetida também afeta a memória aversiva e espacial. Os animais treinados na esquiva inibitória mostraram déficits cognitivos quando testados na memória de curta (2 horas) e de longa duração (24 horas) após o treino. Além disso, a análise densitométrica das proteínas revelou que ratos deprivados treinados na esquiva não aumentaram a fosforilação de CREB e ERK1/2 após o treino. Da mesma forma, ratos deprivados não foram hábeis em reter o aprendizado reverso no labirinto aquático de Morris, mas aqui, os déficits cognitivos podem ser relacionados com o menor aumento da fosforilação do CREB e da ERK1/2 somente 2 horas após o treino no aprendizado reverso. Esses dados sugerem que a deprivação materna afeta os processos mnemônicos em ratos adultos, e que estes prejuízos podem ser mediados por modificações no sistema colinérgico ou na síntese de proteínas.

ASSUNTO(S)

memória privação materna período neonatal acetilcolinesterase donepezil galantamina

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