Depósito sedimentares associados à desembocadura do Arroio Chuí (Planície Costeira do Rio Grande do Sul) e suas relações com as variações do nível do mar durante o holoceno
AUTOR(ES)
Caron, Felipe
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
O presente trabalho descreve a ocorrência de depósitos sedimentares associados à desembocadura do Arroio Chuí, no extremo sul do País, e suas relações com as variações do nível do mar durante o Holoceno. Com o emprego de uma estação total, bússola de geólogo e navegação com GPS, procedeu-se a um nivelamento topográfico da área de estudo, incluindo a altimetria ao longo de 5 perfis topográficos transversais e longitudinais ao arroio. Ao longo dos perfis transversais foram coletados 10 testemunhos a percussão e realizados 18 furos com trado manual. As análises sedimentológicas, paleontológicas e geocronológicas dos testemunhos e dos afloramentos nas barrancas do arroio, permitem registrar importantes aspectos sobre a natureza e o significado paleogeográfico das fácies encontradas. Foram identificadas facies sedimentares contendo uma rica assembléia de palinomorfos e de conchas fósseis – especialmente moluscos gastrópodes e bivalves – indicadores de influência marinha na sedimentação. Dentre as espécies de moluscos encontradas foram identificadas Heliobia australis, Anachis isabellei, Crepidula protea, Carditamera plata, Corbula caribaea, Corbula patagonica, Mactra isabelliana, Anomalocardia brasiliana, Ostrea puelchana, Crassostrea e Tagelus plebeius. Em algumas fácies lamosas muitos exemplares de fósseis se encontram bem preservados, mantendo-se ainda em posição de vida. A altimetria e a natureza das fácies permitem concluir que, na região próximo à atual desembocadura do Arroio Chuí, o nível do mar esteve pelo menos 2 a 3 m acima do nível atual durante o máximo da Transgresão Pós-Glacial. O ambiente correspondia a um estuário, cuja configuração foi controlada, em grande parte, pela morfologia dos terrenos pleistocênicos adjacentes. As assembléias fossilíferas, típicas de ambiente estuarino, situadas nos paleoniveis de 0,8 m abaixo do nível do mar atual, datando 6530 ± 40 anos AP (Cal 7.150-6.930) e 1,9 m acima do nível do mar atual, datando 5750 ± 40 anos AP (Cal 6260-6080) evidenciam as fases de afogamento da região da desembocadura do Arroio Chuí, relacionadas com o máximo da Transgressão Pós- Glacial. Os resultados deste trabalho contribuem para a melhor compreensão sobre o comportamento do nível do mar durante o Holoceno na região sul do Brasil.
ASSUNTO(S)
geologia costeira : rio grande do sul evolução costeira : rio grande do sul paleogeografia costeira
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/10183/8813Documentos Relacionados
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