DEPOIS DA IDADE MÉDIA O DIABÓLICO INVADE A IDADE MÍDIA: conceitos e representações
AUTOR(ES)
Gisela Solheid Meister
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
O objetivo dessa dissertação é investigar a noção do diabólico nos processos midiáticos. Sua constante mutação, manifestada por meio de signos que se modificam e crescem, conforme a palavra técnica semiose - ação de um signo de gerar ou produzir um interpretante de si mesmo -, está inserida em uma tradução cultural. Ferramenta própria de fronteiras instáveis, em que há passagem entre culturas, travessia de identidades ou desestabilização de referências culturais, essa tradução ajusta-se às regiões de negociação das quais emergem novas possibilidades de diálogos, aproximações ou embates. Sendo assim, a sociedade ocidental, ao colaborar na manutenção desse vínculo, permite a constante disseminação de sua presença nos diversos grupos sociais, tempos e lugares. Traduzido sob diversos olhares, o diabólico na Idade Média foi imposto pela Igreja por meio da culpa; no século XVIII, auxiliado por aparatos técnicos, o gosto pelo sobrenatural foi seu aliado; e, na contemporaneidade, apoiado nos meios de comunicação, mantém o misto de fascínio e repulsa temerosa. Um signo ou sonho materializado do diabólico união entre realidade e ficção espetaculariza-se na mídia por meio do cantor que é acusado de pedofilia, do político envolvido com a corrupção, do religioso que lesa seus seguidores, ou seja, conforme o caráter violento de um ato negativo, associado a atores respeitáveis, atesta o provérbio latino corruptio optimi pessima. A hipótese de sua presença na contemporaneidade formula-se mediante a análise das representações midiáticas das histórias de Suzane von Richthofen e Sérgio Fortalece Cláudio de Oliveira Teixeira. Celebrizadas pela mídia, as duas trajetórias delimitam o corpus dessa pesquisa. Ela, jovem parricida, membro da alta classe paulistana e ele, menino-falcão, entrevistado em um documentário sobre o narcotráfico, realizado pelo rapper MV Bill e Celso Athayde. Transformados ou considerados como estereótipos de sua condição social, cada um representa, por meio de fragmentos de suas vidas, uma extraordinária transformação ética e sociocultural. Enquanto Suzane aniquila sua condição socioeconômica privilegiada, Sérgio abandona a condição criminosa. Hoje, o recomeço de suas vidas - ela na prisão e ele como palhaço de circo -, indica uma inusitada metamorfose de identidades. A partir dessas representações midiáticas, cuja tensão máxima combina analogia e antítese, pretende-se justificar o desenvolvimento e a atualização desses signos na contemporaneidade. Andacht, Goffman e Peirce fornecem o referencial teórico para a reflexão acerca dos disfarces do diabólico que convidam, senão seduzem com provocações.
ASSUNTO(S)
representações midiáticas signos do diabólico signs of the devil comunicacao alteridade alterity media representation
ACESSO AO ARTIGO
http://tede.utp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=265Documentos Relacionados
- Idade mídia: a era da manipulação
- Protest as a media, on the media and for the media: the visibility of claims
- A TOGA PELA MÍDIA: REPRESENTAÇÕES DA CREDIBILIDADE DO JUDICIÁRIO EM NOTÍCIAS ONLINE
- Reforma psiquiátrica e mídia: representações sociais na Folha de S. Paulo
- Religião e Mídia: O evangelho segundo a TV.