Dependência de exercício físico: efeito do exercício físico agudo realizado em diferentes intensidades no humor de atletas. / Exercise dependence: effects of acute exercise performed at different intensities in the mood of athletes.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/01/2011

RESUMO

Introdução: Hoje em dia existe uma tendência que aponta para uma correlação positiva entre a prática regular de exercícios físicos e estados de saúde física, sugerindo existir um efeito positivo na prevenção de algumas doenças. Ainda podemos observar outra linha de estudos que vem mostrando uma interação benéfica entre o exercício físico e seus efeitos psicológicos, como melhora na função cognitiva, no humor e influenciando positivamente a qualidade de vida de seus praticantes. Porém existe uma parcela de atletas que pode apresentar um comportamento de dependência por exercícios físicos, desencadeando sintomas de tolerância a esta atividade bem como crises de abstinência na falta desta prática. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos do exercício físico agudo realizado até a exaustão voluntária máxima e na intensidade do limiar ventilatório 1 por 30 e 60 minutos nas respostas de humor e no bem estar de atletas dependentes de exercício físico além de observar se estas alterações no humor podem estar relacionadas com o tipo de exercício físico realizado. Método: O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo (#0408/09). Participaram deste estudo 19 voluntários, corredores, sendo todos hígidos, do gênero masculino e com idades entre 20 a 55 anos, selecionados inicialmente por uma avaliação feita através da Escala de Dependência de Exercício e separados por Dependentes e Não Dependentes de exercício físico. Ao serem inseridos no estudo, os voluntários foram submetidos a três protocolos de exercício físico: a) Teste de carga progressiva até a exaustão voluntária máxima; b) Teste em carga retangular na intensidade do Limiar ventilatório 1 realizado por 30 minutos; c) Teste em carga retangular na intensidade do Limiar ventilatório 1 realizado por 60 minutos. Para cada protocolo de exercício físico, os voluntários responderam a cinco instrumentos que avaliam o humor e aspectos de bem-estar, sendo eles: Escala de Humor de Brunel, Visual analogue of Mood Scale, Escala Subjetiva de Experiência em Exercício, IDATE (Traço e Estado) e Inventário Beck de Depressão. Essa avaliação foi realizada em diferentes momentos: Basal, imediatamente após, 30 e 60 minutos após o término dos protocolos. Resultados: Os atletas que compuseram os grupos apresentaram escore de 112 pontos obtido na Escala de Dependência de Exercícios, que foram chamados de Dependentes e escore de 22 pontos para o grupo chamado de Não Dependente, além destes resultados observamos que na ergoespirometria os grupos se mostraram homogêneos e as intensidades foram semelhantes e mantidas nos dois protocolos de carga retangular como era previsto. Além destes resultados os atletas não diferiam em seu perfil psicológico no momento basal quando avaliados pelo inventário BECK de Depressão e pelo Questionário IDATE Traço. Quando levamos em conta apenas as intensidades de exercício, os resultados do questionário SEES mostraram menores valores na variável fadiga nos momentos 30 e 60 após exercício físico nos protocolos de exercício máximo e 30 min. em LV1, e para variável bem estar positivo maiores valores foram observados somente no teste Max. Já para a variável distresse psicológico deste mesmo questionário, observamos menores valores no protocolo de teste Max e no protocolo de 30 min. em LV1 após o exercício físico. Para as varáveis observadas no questionário VAMS observamos após o exercício físico maiores valores de sedação física e sedação mental apenas no protocolo de exercício de 60 min. em LV1. Para o questionário BRUMS, observamos menores valores para a dimensão tensão, menores valores também para a dimensão raiva, maiores valores na dimensão vigor e menores escores para a variável fadiga principalmente nos protocolos de teste Max e 30min em LV1. Para as variáveis sanguíneas de lactato, cortisol e testosterona, os valores seguiram um padrão já descrito pela literatura o que garante as intensidades previstas para cada protocolo. Quando levamos em consideração ter ou não o sintoma de Dependência de Exercício, observamos maiores valores na variável fadiga avaliada pelo questionário SEES em todos os momentos do teste Max para o grupo Dependente, porém o comportamento de todas as variáveis de humor e bem estar se apresentam semelhantes, mas com certo grau de sensibilidade maior para o grupo Dependente de Exercício em todas as outras variáveis de todos os instrumentos de avaliação. Conclusão: Os resultados permitem concluir que exercícios de alta intensidade exercem maiores influências no padrão de humor de atletas quando comparados a exercícios de intensidade moderada, mas vale ressaltar que algumas variáveis propostas em nosso estudo, sofrem influência especificamente da duração do exercício (sedação física e sedação mental). Podemos citar também que existem diferenças na sensibilidade e na percepção das alterações do humor em atletas Dependentes de Exercício, e que para esta população cautela e direcionamento adequado para a prática de exercícios físicos se faz necessário.

ASSUNTO(S)

exercicio (psicologia), dependencia (psicologia), atletas nutricao

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