Densidade racial e a situação socioeconômica, demográfica e de saúde nas cidades brasileiras em 2000 e 2010

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. epidemiol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/04/2019

RESUMO

RESUMO: Introdução: A densidade racial ainda não foi explorada nos estudos sobre desigualdades raciais no Brasil. Este estudo identifica categorias de densidade racial para as cidades brasileiras e descreve a situação de vida e saúde nessas categorias nos anos dos Censos Demográficos de 2000 e 2010. Método: Estudo ecológico em que a informação de cor/raça nos dois últimos censos foi usada para calcular a densidade racial (proporçãode pessoas do mesmo grupo racial) nas cidades brasileiras em cada ano. Criaram-se quatro categorias de densidade racial (parda; mistos, mas com maioria negra; branca; e mistos, mas com maioria branca).Paraquais foram descritos indicadores socioeconômicos, demográficos e de saúde. Resultados: As categorias de densidade racial captaram desigualdades importantes ao longo dos censos e apontaram a permanência de piores condições de vida e saúde nas cidades formadas por pardos e mistos, mas com maioria negra, e melhores onde predominaram brancos. As cidades predominadas por pardos e mistos, mas com maioria negra, em relação às demais, apresentam, nos dois censos, estrutura etária mais jovem, piores índices de desenvolvimento humano, maior vulnerabilidade social, concentração de renda, mortalidade infantil e prematura (< 65 anos) e menor esperança de vida de seus moradores. Discussão: Semelhantemente a outros países, a densidade racial espelhou desigualdades na situação de vida e saúde no Brasil, bem como defasagem temporal entre suas cidades. Conclusão: As categorias de densidade racial podem contribuir para os estudos sobre a epidemiologia social e sobre as relações raciais no país.ABSTRACT: Introduction: Racial density has not yet been explored in studies of racial inequalities in Brazil. Thisstudy identified categories of racial density in Brazilian cities and described the living and health context in these categories in 2000 and 2010, when demographic censuses were conducted. Method: Ecological study which used skin color or race information from the last two censuses to calculate racial density (the ratio of people aggregated to the same racial group) of the Brazilian cities each year. Four categories of racial density (Brown; Mixed-race, predominantly black; White/Caucasian; and Mixed-race, predominantly white). Socioeconomic, demographic and health indicators were described to each category. Results: The categories of racial density captured important inequalities throughout the census and also indicated the continuance of worse living and health conditions in the cities composed by Browns and mixed-race people, predominantly Black; better conditions were indicated in cities where White/Caucasians are predominant. The cities, composed mainly of Browns and mixed-race people, predominantly Black, presented younger age structure, worse human development indexes, greater social vulnerability, income concentration, infant and premature mortality (<65 years) and lower life expectancy in both censuses, as compared to other cities. Discussion: Similarly to other countries, the racial density reflected inequalities in the Brazilian living and health context as well as a time lag among the cities. Conclusion: The categories of racial density may contribute to social epidemiology and race relations studies in Brazil.

Documentos Relacionados