Democracia, comunidade e cuidado

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Bras. Ciênc. Polít.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-12

RESUMO

Resumo O texto analisa os limites de qualquer forma privatizada familiar de organização da vida - e não apenas daquelas formadas por casais heterossexuais com filhos - para a democracia. A partir dessa análise, discute a reconfiguração das estruturas de autoridade como necessária à recriação de formas coletivas de responsabilização pela vida cotidiana. Nas sociedades contemporâneas (e o texto tem o foco sobretudo nos Estados Unidos), a precarização do suporte para o cuidado das crianças, dos idosos, mas também do cuidado recíproco entre adultos, tem levado a políticas conservadoras de exaltação da família. Isso corresponde, no entanto, a uma sobrecarga de funções, em que especialmente mulheres e trabalhadores se veem pressionados a assumir ocupações que permitiriam prover a família e, embora as primeiras deixem pouco tempo para isso, a fornecer, no domínio privado familiar restrito, todo o trabalho e o suporte necessários ao cuidado e à reprodução cotidiana da vida. Ao mesmo tempo, as políticas do Estado de bem-estar social significaram formas não democráticas de controle, especialmente sobre as mulheres que não atendiam aos padrões convencionais, como as mães solteiras. Formas coletivas e democráticas de compartilhamento do cuidado, estimuladas por políticas e recursos públicos, permitiriam mais suporte aos indivíduos, formas mais solidárias de convivência e relações mais igualitárias.

ASSUNTO(S)

cuidado família democracia trabalho responsabilidade coletiva

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