Demandas psicológicas, baixo apoio social e repetitividade: fatores ocupacionais associados à dor musculoesquelética de trabalhadores da indústria de calçados

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. saúde ocup.

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/04/2019

RESUMO

Resumo Introdução: os distúrbios musculoesqueléticos (DME) constituem importante problema de saúde pública, podendo promover sofrimento físico e psíquico, incapacidades para o trabalho e alto custo social. Objetivo: descrever a população de trabalhadores da indústria de calçados, estimar a prevalência e identificar os fatores associados aos DME em membros superiores e pescoço. Método: estudo de corte transversal, com amostra aleatória estratificada de 446 trabalhadores. Variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e ocupacionais (demandas físicas e psicossociais) foram levantadas e mensuradas por meio de instrumentos validados. Conduziu-se análise fatorial das variáveis de demandas físicas e por meio da regressão logística múltipla identificaram-se os fatores associados ao desfecho. Resultados: encontrou-se prevalência de DME, nos últimos 12 meses, de 47,3% em pescoço, ombro e dorso (extremidades proximais) e 37,4% em extremidades distais. DME em extremidades proximais se associaram a alta demanda psicológica, baixo apoio social do supervisor, tempo de trabalho na empresa ≥ 8 anos, sexo feminino. Em extremidades distais se associaram a alta demanda psicológica, baixo apoio social do supervisor, demandas físicas com repetitividade e sexo feminino. Conclusão: DME em membros superiores apresentam alta prevalência na indústria de calçados, com relevante papel das demandas psicossociais na sua ocorrência, cujo controle exige intervenção sobre as condições de trabalho.Abstract Introduction: musculoskeletal disorders (MSDs) are a major public health problem, causing great physical and psychological suffering, work disability, and imposing heavy costs on workers and society. Objective: to analyze shoe industry workers, estimating the prevalence and factors associated with MSDs of the neck region and upper limb. Method: a cross-sectional study carried out with a stratified random sample of 446 workers interviewed with use of a questionnaire. Sociodemographic, lifestyle and occupational variables (physical and psychosocial demands) were measured. Factor analysis was applied on variables related to physical demands and multiple logistic regression was used to identify the factors associated with the outcome. Results: MSD prevalence in previous 12 months was 47.3% in the neck, shoulder or upper back (proximal extremities) and 37.4% in distal extremities. MSDs in proximal extremities were associated with psychological demand, low supervisor support, working time at the company (≥ 8 years) and female sex. MSDs in distal extremities were associated with psychological demand, low supervisor support, repetitive strain injuries and female sex. Conclusion: MSDs in upper limbs were highly prevalent in the shoe industry, with psychosocial demands having a significant role on their occurrence, whose control requires intervention on working conditions.

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