Defesa quimica em larvas da borboleta Mechanitis polymnia (Nymphalidae : Ithomiinae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Os imaturos de lepidópteros estão sujeitos a altas taxas de mortalidade no ambiente natural. Uma das formas de defesa mais utilizadas e estudadas é a defesa química, envolvendo, por exemplo, substâncias tóxicas ou impalatáveis. Estas substâncias podem ser adquiridas pelos lepidópteros de suas fontes alimentares ou biosintetisadas de novo. Através de um acompanhamento dos imaturos de Mechanitis po/ymnia no campo observou-se que larvas apresentam as taxas mais altas de sobrevivência quando comparadas a ovos e pupas. A sobrevivência de ovos a adultos de Mechanitis po/ymnia em So/anum tabacifolium (área urbana) foi maior do que em So/anum mauritianum e So/anum concinnum (ambos floresta secundária). Experimentos realizados em laboratório com a formiga predadora generalista Camponotus crassus confirmaram a capacidade de defesa de larvas de Mechanitis po/ymnia contra predadores. Além disto verificou se que o tipo de defesa envolvida seria provavelmente defesa química e que as substâncias de defesa estariam localizadas na superfície das larvas já que a rejeição pelas formigas se dava após breve contato inicial. Uma classe de substâncias possivelmente responsáveis pela defesa seriam os lipídios cuticulares (LCs). Lipídios cuticulares de insetos e plantas terrestres tem como principal função, proteção contra dessecação. Por se localizarem na superfície externa do corpo, podem estar envolvidos em mecanismos de comunicação química tanto inter, quanto intraespecífica. Desta forma, investigou-se o papel de lipídios cuticulares na defesa de larvas de Mechanitis po/ymnia contra a formiga predadora generalista Camponotus crassus. Verificou-se que o padrão químico de LCs de larvas de Mechanitis po/ymnia e de folhas de So/anum tabacifolium é muito semelhante, ao contrário de outros Ithomiinae e suas plantas hospedeiras. Camponotus crassus não predou larvas vivas ou mortas de Mechanitis po/ymnia em bioensaios em laboratório, porém predou larvas vivas de outros Ithomiinae. Formulou-se a hipótese de que as formigas não reconheceram as larvas de Mechanitis po/ymnia como presa devido à sua incapacidade de diferenciar as larvas das folhas de So/anum tabacifolium, causada pela similaridade do padrão químico dos LCs. Quando larvas de Mechanitis po/ymnia foram colocadas em uma situação de baixa similaridade com a folha em que elas se encontravam, elas passaram a ser predadas por Camponotus crassus. Larvas palatáveis de Spodoptera frugiperda foram utilizadas em bioensaios de dupla escolha para comprovar o papel dos LCs nesta defesa química. Dois bioensaios foram realizados: 1. A larva experimental se encontrava em situação de alta similaridade e foi menos visitada pelas formigas; 2. A larva experimental estava em situação de baixa similaridade e foi visitada de forma igual à larva controle. Isto demonstrou que um padrão químico de LCs semelhante ao de uma folha pode ser uma defesa eficiente contra predadores quimicamente orientados como Camponotus crassus. Do ponto de vista da formiga a larva estaria quimicamente camuflada na folha de sua planta hospedeira

ASSUNTO(S)

predação (biologia) lipidios parasitismo

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