Decaimento bacteriano em lagoas de estabilização no Nordeste brasileiro

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/06/2011

RESUMO

Lagoas de estabilização consistem no sistema de tratamento de esgotos mais utilizado no Rio Grande do Norte (RN), Brasil, correspondendo a cerca de 90% de todos os sistemas. As bactérias fecais são removidas principalmente nas lagoas facultativas e de maturação. Muitos fatores influenciam no decaimento de bactérias, como: os níveis de pH e OD, temperatura, intensidade luminosa, TDH e disponibilidade de alimento. A taxa de decaimento bacteriano (Kb) é calculada a partir de muitas variáveis, mas o regime hidráulico possui significativa influência na remoção de microorganismos, sendo o de fluxo disperso o que melhor caracteriza uma lagoa de estabilização. Todavia, alguns autores elaboraram equações para o Kb conforme o regime de mistura completa. Essa pesquisa teve como objetivo avaliar o decaimento bacteriano de coliformes termotolerantes e Enterococcus sp. em lagoas de estabilização destinadas ao tratamento de esgotos domésticos, em escala real, no RN. Todos os sistemas avaliados possuem tratamento preliminar, uma lagoa facultativa (LF), seguida de duas de maturação (LM1 e LM2). Os parâmetros avaliados foram: temperatura, pH, OD, DBO5, DQO, coliformes termotolerantes, Enterococcus sp., clorofila a, sólidos em suspensão totais, fixos e voláteis. Não foram identificadas diferenças significativas entre os valores de pH, OD e temperatura nas lagoas, exceto para os sistemas mais novos, já que eles possuem baixas vazões e cargas hidráulicas. A remoção de matéria orgânica nos sistemas de tratamento foi baixa, cerca de 70%, e praticamente todas estão com sobrecarga orgânica e com problemas operacionais. As remoções bacterianas também foram baixas, com média para as LF de 96% para coliformes termotolerantes, e de 98% para Enterococcus sp.; nas LM1 obteve-se remoção para coliformes termotolerantes de 71%, e para Enterococcus sp. de 81%; e, nas LM2 a eficiência foi de 69% para coliformes termotolerantes e de 68% para Enterococcus sp. A equação proposta por Von Sperling (1999), segundo o regime de fluxo disperso, foi a que gerou valores de Kb empíricos mais aproximados dos valores de Kb calculados a partir de dados reais. Em média, o Kb calculado com base nos dados reais para coliformes termotolerantes nas LF foi de 0,31 d-1, e em ambas as lagoas de maturação foram de 0,35 d-1. Para Enterococcus sp. a média nas LF foi de 0,40 d-1, nas LM1 foi igual a 0,55 d-1, e nas LM2 de 0,58 d-1. Esses resultados também demonstraram que os Kb obtidos em sistemas em escala real são menores do que os verificados em lagoas em escala piloto. Além disso, pode-se afirmar que a equação proposta por Marais (1974), segundo o regime de mistura completa, superestima o Kb. Os resultados dos Kb calculados indicaram que os coliformes termotolerantes são mais resistentes às condições adversas presentes em lagoas de estabilização do que os Enterococcus sp., sendo, portanto, um indicador microbiológico mais eficiente e seguro. Os fatores de significativa intervenção na taxa de decaimento bacteriano foram as concentrações de DQO, a carga orgânica e o TDH. As poucas relações existentes entre Kb com pH, OD e temperatura não foram estatisticamente significativas. Por fim, conclui-se que é fundamental a operação e manutenção corretas, pois a não realização dessas atividades consiste em um dos principais fatores que contribuem para as baixas taxas de decaimento bacteriano.

ASSUNTO(S)

lagoas de estabilização decaimento bacteriano coliformes termotolerantes enterococcus sp. engenharia sanitaria stabilization ponds bacterial decay thermotolerant coliform enterococcus sp.

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