DA TRAGÉDIA URBANA À FARSA DO URBANISMO REFORMISTA: a fetichização dos planos diretores participativos / Of the tragedy urban to the farce of urban reform : the fetishism of participatory management plans
AUTOR(ES)
CARLOS FREDERICO LAGO BURNETT
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
Nos anos 80, como reação às desigualdades sócio-espaciais das cidades brasileiras, o projeto da Reforma Urbana logrou unificar, em torno de um movimento por política urbana igualitária e distributiva, intelectuais da Academia e entidades da organização popular. Parcialmente reconhecido pela Constituição Federal de 1988, o ideário da Reforma Urbana ficou subordinado ao planejamento urbano, pois o Plano Diretor foi declarado instrumento maior da política urbana municipal. Inicialmente contestado pelo movimento, por seu caráter tecnocrata e segregacionista durante o regime militar, mas regulamentado pelo Estatuto da Cidade e através de campanha nacional do Ministério das Cidades, o Plano Diretor se propõe garantir, a partir de 2005, terra urbanizada e bem localizada aos mais pobres em milhares de municípios do país. Apesar da reduzida participação popular, baixa taxa de aprovação da legislação e quase nula implementação de suas propostas, se afirma como instrumento de Reforma Urbana e o Movimento se concentra no Direito Urbanístico como meio para alcançar a cidade de todos. Através da análise histórica dos vinte anos que separam a crítica da adesão ao Plano Diretor, apoiada em estudo teórico e pesquisa de campo sobre experiências significativas de planejamento participativo no Brasil, este trabalho demonstra que, ao assumir valores da democracia burguesa e submeter a luta urbana aos procedimentos institucionais do planejamento, o Movimento da Reforma Urbana compromete a autonomia das organizações populares e contribui para acumulação e reprodução capitalista no espaço urbano, agravante da tragédia das cidades. Desta maneira, sob a liderança de uma elite tecnocrata e fortemente influenciado pelas mudanças políticas e econômicas ocorridas no país - consolidação democrática conservadora, ofensiva e hegemonia neoliberal, acesso do Partido dos Trabalhadores ao governo federal -, o processo de institucionalização do projeto da Reforma Urbana, por meio da fetichização dos Planos Diretores Participativos, transmuda em farsa a proposta do urbanismo reformista.
ASSUNTO(S)
lulas government cidade capitalista reforma urbana urban reform ideology and technocracy governo lula popular participation capitalist city arquitetura e urbanismo urban planning planejamento urbano participação popular ideologia e tecnocracia
ACESSO AO ARTIGO
http://www.tedebc.ufma.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=312Documentos Relacionados
- GestÃo urbana: entraves, desafios e avanÃos na implementaÃÃo dos planos diretores: estudo de caso Barra do Piraà - RJ
- Processos participativos para elaboração de Planos Diretores Municipais: inovações em experiências recentes
- Diadema, urban planning and reality: what changes with master plans
- O estatuto da cidade e a elaboração de planos diretores: uma avaliação sobre a construção de espaços participativos em processos de planejamento urbano.
- Planejamento regional