Da medicina biomedica a complementar : um estudo dos modelos da pratica medica
AUTOR(ES)
Nelson Felice de Barros
DATA DE PUBLICAÇÃO
2002
RESUMO
As questões examinadas nesta pesquisa pertencem ao campo da saúde e dizem respeito, acima de tudo, ao condicionamento social e filosófico da prática médica no ocidente. Foram usados como referência os conceitos sociológicos de campo e habitus, de Bourdieu, e os conceitos epistemológicos de Bachelard, Canguilhem, Foucault, Feyerabend, Kuhn e Santos para compreender os modelos da medicina biomédica, da medicina alternativa e da medicina complementar. Utilizou-se, também, o modelo que identifica o profissional biomédico como puro, o profissional da medicina alternativa como convertido, e o profissional da medicina complementar como híbrido. Elegeu-se a metodologia qualitativa para os trabalhos de campo e análise do material. Foram entrevistados sete médicos, em, pelo menos, cinco encontros cada um; a duração média foi de uma hora por encontro. A distribuição dos profissionais é de um puro, um convertido e cinco híbridos, escolhidos de acordo com a metodologia adotada. Seguiuse um roteiro de entrevistas padronizado e as respostas foram gravadas em fitas k - 7. Depois de transcrito, o material foi submetido às etapas de leitura, classificação, categorização e análise. O modelo biomédico foi construído a partir de material sobre a história da medicina no ocidente, da epistemologia francesa de Bachelard, Canguilhem e Foucault e da narrativa de um especialista da prática biomédica. O modelo da medicina alternativa foi elaborado com bibliografia sobre a contracultura, as contribuições epistemológicas de Feyerabend e a narrativa de um profissional convertido à prática alternativa. O modelo complementar foi estruturado tomando como base a sociologia e epistemologia de Boaventura de Souza Santos e das cinco narrativas dos profissionais com práticas híbridas, entre a biomedicina e a homeopatia, a acupuntura, a fitoterapia, a nutrição, a música, a dança, o teatro e outras práticas. Foi possível traçar a temporalidade e a biopolítica de cada um dos modelos de prática médica investigado. O resgate de passagens da História da Medicina possibilitou identificar os fundamentos da biomedicina e a suas relações com o Estado, a economia e a ciência. A imersão no movimento da contracultura, da segunda metade do século XX, tomou possível identificar a medicina alternativa como parte de um projeto de ruptura social e revolução científica. Por um lado, foi possível identificar naqueles anos a perda na confiança epistemológica da ciência e, por outro lado, a procura de alternativas na medicina e nas experiências sociológicas, antropológicas, educacionais etc. Por fim, a identificação da transição paradigmática, que marca a pós-modernidade, permitiu compor o modelo da medicina complementar e da prática híbrida como fundamento para a construção da ciência normal interdisciplinar
ASSUNTO(S)
medicina - pratica medicina alternativa ciencias sociais medicina holistica
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000253649Documentos Relacionados
- O silêncio dos inocentes: por um estudo narrativo da prática médica
- Medicina complementar no SUS: práticas integrativas sob a luz da Antropologia médica
- Questões da clínica ginecológica que motivam a procura de educação médica complementar: um estudo qualitativo
- Da graduação biomédica à Medicina de Família: aprendendo a se tornar um "médico da pessoa"
- Avaliação de atitudes de internos de medicina frente a aspectos relevantes da prática médica