Da insustentabilidade do desenvolvimento: Os discursos da produção de “vazios” no âmbito de um programa de cooperação internacional

AUTOR(ES)
FONTE

Civitas, Rev. Ciênc. Soc.

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/09/2019

RESUMO

Resumo: Este texto tem como tema central os discursos sobre desenvolvimento que circundam o Programa de Cooperação Tripartida para o Desenvolvimento Agrícola da Savana Tropical em Moçambique – ProSavana, projeto de cooperação conjunta dos governos brasileiro, japonês e moçambicano. O objetivo é interpretar como a ideia de “vazio” é produzida e reforçada no material de divulgação oficial do programa, assim como em seu Plano Diretor. Subsidiariamente, algumas entrevistas com interlocutores-chave também foram utilizadas. A reflexão mobiliza o referencial teórico-metodológico da análise do discurso de matriz francesa em diálogo com perspectivas críticas do desenvolvimento. A análise aponta para (re)produção de uma ideia de que a savana moçambicana seria um “lugar vazio”, desabitado e à espera do desenvolvimento, a despeito dos sujeitos que lá estão e de suas formas próprias de existência no mundo. Ademais, ainda que o ProSavana não se pretenda formalmente um programa de “desenvolvimento sustentável”, é evidente o imperativo de mobilizá-lo como tal. No entanto, parece ser uma tentativa inócua, tendo em vista a repetição de práticas a despeito da inovação no discurso predominante que nada implica em sustentabilidade.Abstract: This text has as its central theme the development discourses surrounding the ProSavana (Tripartite Cooperation Program for Agricultural Development of the Savannah Tropical in Mozambique), a joint cooperation project of the Brazilian, Japanese and Mozambican governments. The purpose is to interpret how the idea of “emptiness” is produced and reinforced in the official dissemination material of the program, as well as in its master plan. Subsidiarily, some interviews with key interlocutors were also used. The reflection mobilizes the theoretical-methodological frame of discourse analysis of French matrix in dialogue with critical perspectives of the development. The analysis points to the (re)production of an idea that the Mozambican Savannah would be an “empty place”, uninhabited and waiting for development, in spite of the subjects that are there and their own forms of existence in the world. In addition, although ProSavana does not formally intend itself a sustainable development program, it is evident the imperative to mobilize it as such. However, it seems to be an innocuous attempt, in view of a repetition of practices of eviction of the innovation that does not have predominant implications that imply sustainability.

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