Da impotência à disfunção erétil: destinos da medicalização da sexualidade

AUTOR(ES)
FONTE

Physis: Revista de Saúde Coletiva

DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Este artigo retrata a história recente da transformação do conceito da impotência, como desordem psicossexual, em disfunção erétil, considerada como uma doença de etiologia principalmente orgânica. Demonstra sucessivamente como a impotência masculina constituiu uma abrangência global de todo o ciclo da resposta sexual, e ainda, uma violação da identidade e da autoimagem; como o relacionamento entre casais se transformou progressivamente em dificuldade e como a falta de um órgão claramente circunscrito pode ser o objeto de um "simples" tratamento medicamentoso. Este processo foi analisado a partir de modelo sequencial da medicalização (Conrad), que permite compreender a intervenção dos diferentes atores envolvidos (cientistas, médicos, industriais, políticos, empresários). Compreende-se, assim, como as descobertas científicas são selecionadas e desenvolvidas de acordo com seu potencial industrial e são aplicadas às pesquisas clínicas; como entidades clínicas são reconceitualizadas e medidas através de investigações epidemiológicas na população em geral e como são criados os ensaios clínicos que levam à criação de um medicamento. Em seguida, observam-se como os atores da saúde pública e os políticos intervêm para dar legitimidade ao novo problema criado. Por fim, avalia-se a possibilidade da desmedicalização de problemas com o uso não-médico do medicamento, no contexto do desenvolvimento da autoprescrição na Internet.

ASSUNTO(S)

medicalização disfunção erétil sexualidade

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