Cultura e patrimônio

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta tese apresenta uma reflexão a respeito das noções de cultura e patrimônio histórico-cultural como pressupostos para a compreensão das atividades do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo Condephaat. O Conselho surge em São Paulo por determinação federal nos primeiros anos da ditadura militar. Sua finalidade é proteger, valorizar e divulgar o patrimônio cultural paulista por meio do instituto jurídico do tombamento e suas atribuições são confirmadas pela constituição estadual. Esse patrimônio forma um conjunto representativo da história e da cultura no Estado de São Paulo entre os séculos XVI e XX e é composto de bens móveis, edificações, monumentos, bairros, núcleos históricos e áreas naturais. Inicialmente identificado ao monumento e às edificações arquitetônicas, a noção de patrimônio históricocultural ampliou-se em direção a outras competências, permeada pela lógica do consumo e do espetáculo. A palavra cultura é camaleônica e pode ser abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares. Firmou-se como conceito em círculos acadêmicos no século XX. Na década de 1930 quando se criou o Serviço de Proteção ao Patrimônio Histórico no Brasil Sphan, o termo atingiu uma posição teórica de glorificação, tornando-se um dos mais importantes na literatura antropológica: traços culturais, complexos culturais, tipos culturais, centros culturais, migrações culturais, convergências, difusões culturais. Nas discussões a respeito de cultura existe a idéia onipresente de unidade biológica pré-cultural na condição humana. Os agrupamentos humanos mantêm-se coesos por uma rede de comunicação e troca. Imerso em um contexto social pluralístico e heterogêneo, o indivíduo vive a experiência da irredutível dualidade humana e a percebe a partir da própria realidade; é uma experiência intuitiva e pré-teórica em sua essência. A dualidade natureza-cultura é problema-chave do esforço conceitual nesta tese. Mantê-la como oposição fragmentária implica reiterar as premissas do paradigma cartesiano, superá-la em direção a uma dialogia requer um esforço interpretativo complexo e transdisciplinar. Dessa perspectiva, constata-se a posição paradoxal assumida pelo Condephaat em sua obscura política de preservação patrimonial, a oscilar entre protecionismos, desmandos e negligências e o esforço de indivíduos emaranhados na teia de interesses particulares que os imobiliza em diversas oportunidades. As tentativas de dilapidação do patrimônio estadual revelam uma violência predatória transfigurada em progresso. As atividades do Conselho foram analisadas por meio da leitura de processos de tombamento do patrimônio do Estado, por meio de entrevistas com vários de seus presidentes do período entre 1979 e 2007 e com moradores do bairro do Pacaembu, que exercem cargo diretivo em suas associações ou que tiveram participação ativa na abertura do processo de tombamento desse bairro

ASSUNTO(S)

conselho de defesa do patrimonio historico, arqueologico, artistico e turistico do estado de sao paulo culture preservação conservacao historica -- sao paulo (cidade) cultura patrimônio heritage preservation ciencias sociais aplicadas patrimonio cultural -- sao paulo (cidade) sitios historicos -- conservacao e restauracao -- sao paulo (cidade)

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