Cultivo da macroalga Ulva lactuca Linneaus (Chlorophyta) integrado à produção do camarão branco do Pacífico, Litopenaeus vannamei (Boone, 1931), para tratamento de efluentes em sistema fechado de recirculação

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Com o crescimento exponencial das fazendas de camarões marinhos em Santa Catarina e no nordeste brasileiro, cultivando a espécie Litopenaeus vannamei (Boone, 1931), surge uma preocupação em buscar uma tecnologia simples, barata e limpa para torná-la uma atividade sustentável. Problemas de depleção de oxigênio, resultantes de temperaturas elevadas, flutuações da salinidade, atividades respiratórias e, principalmente, pelo acúmulo de matéria orgânica são comuns em atividades carcinicultoras. Assim como o acúmulo ou excesso de nutrientes lançados ao mar ou em zonas estuarinas através de renovações diárias de água, fazem da atividade um potencial poluidor dos ambientes adjacentes. Buscando mitigar tais problemas, a introdução controlada da macroalga Ulva lactuca Linneaus (Chlorophyta) em bacias de estabilização, junto aos cultivos do camarão marinho L. vannamei, pode oferecer uma alternativa concreta e definitiva. Através de sistema fechado de recirculação é possível exercer maior controle dos parâmetros da qualidade da água em toda a fazenda e reciclar os excessos de nutrientes resultantes do processo produtivo. A macroalga U. lactuca é abundante em toda a costa brasileira, tolerando bem as variações de salinidade. O presente trabalho teve como objetivos: i. apresentar a referida macroalga para a comunidade de aqüicultores; ii. avaliar a capacidade de remoção de nutrientes da espécie U. lactuca, cultivada de forma integrada ao camarão marinho L. vannamei em um sistema modelo de recirculação; iii. avaliar o impacto deste consórcio sobre a disponibilidade de oxigênio dissolvido no sistema de produção, determinando-se o balanço fotossíntese/respiração da referida macroalga cultivada em efluente da carcinicultura. A avaliação da bibliografia revelou que o gênero Ulva, apesar de ser considerado por alguns carcinicultores como uma praga para fazendas de camarão, apresenta importância econômica e tem um papel ecológico imprescindível por participar de maneira marcante da reciclagem de nutrientes dissolvidos nas águas de ambientes costeiros. O cultivo integrado de Ulva e camarões marinhos usando-se um modelo piloto de sistema de recirculação revelou que além de melhorar o crescimento dos camarões em 7,5%, em densidade de 1,5g L-1, a alga reduziu, durante 50 dias, as concentrações acumuladas de amônia e de ortofosfato do sistema de recirculação em 94% e 39,5%, respectivamente. A avaliação do impacto do cultivo da referida espécie sobre o oxigênio dissolvido de efluentes de camarão revelou uma baixa demanda respiratória e uma surpreendente produção de oxigênio, ultrapassando valores de 500% de supersaturação ao final da tarde. Este potencial pode estar sendo explorado para suprir, por várias horas, as depleções de oxigênio freqüentes nos viveiros de camarões durante a noite, reduzindo o tempo de funcionamento de aeradores e os gastos com energia elétrica.

ASSUNTO(S)

alga aquicultura camarão marinho - criação agua - - qualidade aquicultura

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