Crotalus snakebite-induced acute renal failure: prevalence and risk factors ? a prospective survey / Insuficiência renal aguda após envenenamento crotálico: prevalência e fatores de risco - um estudo prospectivo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O envenenamento crotálico é responsável por, aproximadamente, 10% dos acidentes causados por serpentes peçonhentas no Brasil. A peçonha crotálica possui ação neurotóxica, miotóxica, nefrotóxica e coagulante. Insuficiência renal aguda (IRA) é a principal complicação nas vítimas que sobrevivem aos efeitos iniciais da peçonha, sendo importante causa de óbito para esses pacientes. Os objetivos deste estudo foram determinar prospectivamente a prevalência e os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de IRA após envenenamento crotálico. Foram estudadas 100 vítimas de acidente crotálico admitidas no Hospital Doenças Tropicais (HDT) de Goiânia-GO, no período de 07/1998 a 05/2000 e de 08/2001 a 03/2003 (43 meses). Os pacientes foram tratados com soro antiofídico específico (SAC) e estudados desde a admissão até alta hospitalar ou óbito. IRA foi definida como depuração de creatinina endógena (FG) <60 mL/min/1,73m² nas primeiras 72 horas após o acidente. Os dados foram expressos como mediana (faixa de variação) ou % e analisados pelos testes de Mann-Whitney e Fisher e por regressão logística (RL). Vinte e nove pacientes desenvolveram IRA (29%) e 7 (24% dos pacientes com IRA) realizaram diálise. Ocorreram 3 óbitos, todos no grupo de pacientes com IRA. Comparando-se os pacientes que desenvolveram IRA e os que mantiveram FG = 60 mL/min/1,73m², constatou-se que os primeiros apresentaram menor superfície corpórea [1,55 (0,6-2,3) vs 1,7 (0,6-2,1) m², p= 0,0097], receberam SAC mais tardiamente [12 (2-48) vs 2 (1-14) h, p <0,0001] e em maior quantidade [190 (90,4-536) vs 158 (75-500) mg/m², p <0,0001], apresentaram maior prevalência de acidentes graves [26 (90%) vs 38 (54%), p = 0,0005], maior prevalência de ptose palpebral [29 (100%) vs 50 (70%), p = 0,0003], maior prevalência de tempo de coagulação (TC) anormal [24 (83%) vs 36 (51%), p = 0,003], menor diurese na admissão [62,4 (0-182) vs 99,6 (24,6-325) mL/h, p = 0,0004], menor valor de FG mínima [39 (0-54) vs 85 (61-110) mL/min/1,73m², p <0,0001], maior elevação de creatinoquinase (CK) [50.250 (69-424.120) vs 1.108 (88-133.170) U/L, p <0,0001] e menor FG de alta [87,5 (22-105) vs 102,1 (91-145) mL/min/1,73m², p <0,0001]. Apesar de não ter havido significância estatística, pacientes com IRA também eram mais jovens [24 (3-59) vs 32 (3-61) anos, p = 0,09]. Os dois grupos receberam quantidade similar de hidratação. O modelo de RL foi baseado em TC anormal, idade ( 50 anos), tempo para receber SAC (>120 min), CK de admissão (>2.000 U/L) e diurese na admissão (>90 mL/h). Idade <12 anos (OR: 5,6, p = 0,026), tempo para receber SAC (OR: 11,1, p = 0,032), CK de admissão (OR: 12,7, p = 0,0009) foram identificados como fatores de risco independentes para o desenvolvimento de IRA, enquanto que diurese na admissão (OR: 0,20, p = 0,014) foi um fator independente associado à proteção. Estes resultados revelaram que IRA por envenenamento crotálico tem alta prevalência (29%). Demora em receber SAC, CK de admissão superior a 2.000 U/L e idade inferior a 12 anos foram fatores de risco independentes para desenvolver IRA. Diurese na admissão acima de 90 mL/h foi um fator protetor.

ASSUNTO(S)

crotalid venoms/toxicity prevalência renal insufficiency acute/epidemiology rim/patologia crotalus estudos prospectivos fatores de risco crotalus prevalence risk factors insuficiência renal aguda/epidemiologia venenos de crotalídeos/toxicidade goiânia (go) goiânia (go) prospective studies kidney/pathology

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