Crianças vítimas de abuso sexual intrafamiliar e suas respectivas mães : autopercepção, relações interpessoais e representação de objeto

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

No Brasil, assim como no mundo, a violência que vitima a criança é considerada um grave problema de saúde pública. Dentre as formas de expressão hediondas da violência, insurge o abuso sexual contra o menor praticado no âmago familiar. As repercussões desta violência perpassam os papéis de agressor-vítima, alastrando-se por toda a estrutura familiar. Este tipo de violência gera na criança problemas sociais, psicológicos e cognitivos por toda a sua vida. O objetivo geral deste estudo é compreender e identificar a qualidade da autopercepção, das relações interpessoais e da representação de objeto nas crianças vítimas de abuso sexual intrafamiliar, assim como, nas suas respectivas mães. Para isso, foram elaboradas duas seções de estudo: uma teórica e uma empírica. A seção teórica refere-se a uma revisão que objetiva discutir a relevância e a importância do papel das relações interpessoais e das relações de objeto no desenvolvimento do individuo por meio do diálogo entre diferentes aportes teóricos: como a dinâmica do apego, o desenvolvimento cognitivo e a abordagem das relações objetais. Na seção empírica, é retratado um estudo quantitativo de tipo transversal, que enfoca a investigação das respostas ao Rorschach das crianças vítimas de abuso e de suas mães, bem como de crianças não vítimas e de suas progenitoras, procurando conhecer aspectos sobre autoestima, relacionamento interpessoal e representação de objeto dos sujeitos. A amostra, localizada por conveniência, contou com a participação de 48 sujeitos, divididos em dois grupos. O primeiro (G1) é constituído por 12 crianças, com idades entre 6 a 11 anos, vítimas de abuso sexual intrafamiliar e suas respectivas mães (12). O segundo (G2) é constituído por crianças sem vivência de abuso sexual, (com idade e gênero equivalente ao grupo G1) da população geral e suas respectivas mães (12). Para o levantamento de dados, foram utilizados a Ficha de Dados Sociodemográficos, o Inventário de Comportamento da Infância e Adolescência, o Teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven Escala Especial e o Método de Rorschach (Sistema Compreensivo-SC). Os resultados mostram que as crianças e as mães dos grupos G1 e G2, quando comparadas com os dados normativos do SC, apresentam, de maneira geral, baixas autoimagem e autoestima e noção distorcida de identidade. Por sua vez, para estas mesmas categorias, as crianças e as mães do grupo G1 apresentaram resultados mais baixos do que as crianças e as mães do G2. Por outro lado, as crianças do grupo G1 apresentam, quando comparadas com as crianças do G2, prejuízo nas relações interpessoais, com negativas relações objetais. Analisando estas mesmas variáveis com as mães que compõem o grupo G1 e G2 observa-se que as respostas não diferem do grupo normativo, contudo para estas variáveis e para a maioria das outras investigadas neste estudo, o grupo G2 apresenta resultados mais positivos.

ASSUNTO(S)

psicologia clÍnica psicologia infantil violÊncia sexual - crianÇas rorschach, teste de relaÇÕes interpessoais relaÇÕes intrafamiliares mÃes e filhos psicologia

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