Criança não pode esperar [manuscrito]; a demanda de mães e suas crianças em condições não urgentes em ambulatório pediátrico de urgência e emergência

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O objetivo deste estudo foi compreender os motivos para a busca de atendimento de urgência e emergência pelas mães, para crianças em condições não urgentes, em hospital de referência de pronto atendimento pediátrico do Sistema Único de Saúde SUS, em Belo Horizonte. Investigou-se a percepção das mães sobre o acolhimento com classificação de risco e as expectativas em relação ao atendimento. Procurou-se compreender o significado de urgência e de emergência para as mães, apreender a imagem do hospital para os usuários e a percepção da resolutividade. Foi utilizado, como suporte metodológico, a abordagem qualitativa, tendo a entrevista semi-estruturada e a observação livre por amostragem de tempo, como recursos para a obtenção de informações. A observação foi realizada nos espaços físicos do ambulatório de urgência e emergência nos diversos dias da semana e nos diferentes horários em que funciona a classificação de risco. No período de junho a setembro de 2008, foram entrevistadas 27 mães de crianças classificadas como pouco urgentes ou não urgentes. Os depoimentos foram analisados utilizando-se a técnica de análise de conteúdo. Os resultados evidenciaram que a concepção de urgência e de emergência para as mães é diferente daquela adotada pela instituição. Ficou claro que os casos classificados como pouco urgentes e não urgentes pela instituição, na sua maioria, são considerados urgentes pelas mães, o que mostra um descompasso entre o sentir dessas mães e a racionalidade da organização do serviço. Um filho doente gera diversos sentimentos nas mães, tais como angústia, medo, culpa e nem sempre os profissionais da urgência estão preparados para compreender esse sofrimento. As mães procuram os serviços de urgência e de emergência mesmo quando desconfiam que o caso da criança não é urgência, por diferentes motivos, dentre estes, medo da piora da doença, certeza do atendimento médico e densidade tecnológica. As mães entrevistadas demonstraram não compreender bem a lógica da classificação de risco e da priorização do atendimento, apesar das inúmeras explicações que recebem dos profissionais. No que se refere à implantação do acolhimento com classificação de risco, a organização do trabalho ainda está centrada na consulta médica. Observou-se, neste estudo, que o acolhimento foi realizado com base no modelo clínico-biomédico, no qual o atendimento é centrado na queixa-conduta e como forma de triagem. Este trabalho pôde identificar alguns aspectos importantes, que poderão servir de subsídios para reflexão sobre a organização dos serviços, a fim de que o acolhimento possa se afirmar como prática que supere o modelo hegemônico em direção a centralidade do usuário, sujeito e fim do processo assistencial.

ASSUNTO(S)

humanização da assistência decs mães decs serviços médicos de emergência decs criança decs acolhimento decs dissertações acadêmicas decs

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