Criança e imagem no olhar sem corpo do cinema

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O tema central desta tese é a análise da imagem da criança no cinema. Para tanto, este trabalho está alicerçado, ele mesmo, numa imagem conceitual tríptica, na qual as noções de criança, imagem, autoria remetem, estruturalmente, a seus três eixos fundamentais. Assim, o objetivo desta pesquisa é desenvolver o conceito de criança a partir de uma perspectiva que privilegia analisar, em imagens fílmicas: 1) uma vontade afirmativa de potência da criança, aliada, nietzschianamente, aos conceitos de “esquecimento” e “novo começo”; 2) a estética e a imagem cinematográfica não como elemento de representação da criança, mas, antes, como efeito-superfície de sua exata produção; 3) a questão da autoria, partindo não do princípio da unidade totalizadora “autor”, mas como processo que consiste, também por parte deste, na organização, sobretudo, de personagens (personae) (STEINER, 2003) e a partir de uma espécie de “assinatura” (FISCHER, 2005) para seus filmes: uma autoria que teria menos a ver com instauração de verdades e mais com meras (e potentes) vibrações, justamente porque a criança, na condição de persona, é tomada, acima de tudo, como prática de criação. Para tanto, dois conjuntos de materiais constituíram-se como corpus de análise. O primeiro conjunto de materiais foi selecionado a partir daquilo que se entende por “cinema de autor”. A escolha deste critério – histórico no campo do cinema – permitiu que, ao invés de tomar o conceito de autoria como dado, ele fosse problematizado a partir das contribuições de Michel Foucault sobre as categorias de “obra” e de “autor”. O segundo conjunto de filmes foi extraído de um amplo levantamento cinematográfico acerca da relação mais ampla entre criança, cinema e autoria e foi selecionado na medida em que se tratava de filmes que punham em operação de forma mais contundente as discussões essenciais neste trabalho (quais sejam, discussões sobre “real e “ficção”, “pureza” e “impureza” da imagem). Temos assim constituído o corpus de análise desta pesquisa: O Garoto (1921), de Charles Chaplin; Zero de Conduta (1933), de Jean Vigo; Vítimas da Tormenta (1946), de Vittorio De Sica; Bom Dia (1959), de Yasujiro Ozu; Os Incompreendidos (1959) e O Garoto Selvagem (1970) de François Truffaut; Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), de Hector Babenco; Fanny e Alexander (1983), de Ingmar Bergman; Onde Fica a Casa do Meu Amigo? (1987), de Abbas Kiarostami; Central do Brasil (1998), de Walter Salles, A Língua das Mariposas (1999), de José Luis Cuerda; Promessas de um Novo Mundo (2001), Justine Shapiro e B. Z. Goldberg; Nascidos em Bordéis (2004), Ross Kauffman e Zana Briski. Por fim, partindo de um entendimento do cinema como arte e da não diferenciação básica entre filmes para criança e filmes para adultos, apresento, propositivamente, algumas bases sobre as quais seria possível efetivar um encontro entre cinema e escola. Entendo que se trata de um trabalho ético e político a ser realizado, tendo em vista que, muitas vezes, a própria escola vem se configurando como o único espaço onde crianças e jovens têm acesso a esse tipo de experiência.

ASSUNTO(S)

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