Cosmologia e geografia física em Immanuel Kant / Cosmology and physic geography in Immanuel Kant

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/08/2011

RESUMO

Immanuel Kant (1724-1804), em seus quase quarenta e um anos de docência, ministrou (quer em preleções particulares, quer em conferências públicas) cursos devotados aos campos do conhecimento os mais variados: lógica, metafísica, ética, antropologia, física teórica, matemáticas, direito, enciclopédia das ciências filosóficas, pedagogia, mecânica, mineralogia, teologia etc. E, em meio a disciplinas versadas tão multíplices, que incluíam tópicos filosóficos e não-filosóficos, Kant lecionou, por quarenta e nove vezes, entre 1756 e 1796, um curso de geografia física. No tempo de Kant, por imposição do governo prussiano, para se lecionar um curso todo professor devia, imprescindivelmente, proceder de conformidade a um manual oficialmente reconhecido. Nenhum docente, portanto, tinha consentimento expresso para instruir um tratado sobre determinado tópico de ensino em seu próprio nome. Entretanto, não havia, em rigor, nenhum manual de referência que Kant pudesse valer-se em suas palestras de geografia física; e, por isso, ele decidiu redigir o Curso de Geografia Física. A exceção da Geografia Física, inclusive, fez-se o objeto de um decreto de von Zedlitz de 16 de outubro de 1778, mediante o qual Kant era autorizado a ensinar esta disciplina secundum dictata sua, exponendo dictata sua ou, ainda, ad propria dictata. Esses registros compilados por Kant no Curso de Geografia Física conservaram-se, por décadas, sem qualquer sistematização metódica. Kant não aquiescia editar, ele mesmo, este acervo de notas, pois que aprontar uma obra a partir dos originais utilizados em seu curso, afigurava-se, a ele, no findar de sua vida, uma execução praticamente infactível. Foi que, mais ou menos em 1800, Friedrich Theodor Rink (1770-1811) e Gottlob Benjamin Jäsche (1762- 1842) - encarregados, pelo professor-filósofo, de revisar e reorganizar seus papéis, cujo volume tinha sensivelmente aumentado - se toparam, quando deste trabalho e contra as expectativas do próprio Kant, com quase três cadernos de geografia física, redigidos em diferentes épocas. Kant, diante deste inesperado acontecimento, adjudicou encargo a Rink, um antigo e prezado aluno seu, para que este efetuasse o empreendimento editorial destes extratos no formato de livro, o que sucedeu em 1802. Dessa maneira, é, pois, a edição de Rink que é hoje conhecida como a Physische Geographie, depois incorporada nos Akademie Ausgabe of Kants gesammelte Schriften. Essa Tese, pois, trata, justamente, da Physische Geographie e de seu lugar na cosmologia kantiana. A relação entre Razão e Natureza consiste, decerto, em uma das problemáticas que acompanham, perenemente, o desenvolvimento (gradativo, complexo e marcado por continuidades e descontinuidades) do projeto crítico de Kant. De sua tentativa pré-crítica em combinar a física newtoniana com a metafísica leibniziana, passando pelo modelo determinante de inteligibilidade apregoado na Crítica da Razão Pura e chegando ao juízo reflexionante da terceira Crítica (com sua idéia de finalidade, de estética, de teleologia e de organismo), há, indubitavelmente, uma persistência e uma profunda reinvenção da cosmologia em Kant. E a geografia física, este é o fundamento desta Tese, não se desassocia deste seu anseio em erigir um Cosmos; e mais, ela compõe e dá fechamento a este último

ASSUNTO(S)

cosmologia geografia física natureza teleologia estética cosmology physic geography nature teleology esthetic

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