Correlação entre ultrassonografia com Doppler e biópsia na gradação da esteatose hepática não alcoólica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A esteatose hepática não alcoólica é comum e frequentemente descoberta à ultrassonografia (USG). A gradação da esteatose por USG convencional é subjetiva e sujeita à variabilidade inter e intra-observador. A biópsia hepática é o método diagnóstico padrão, havendo, porém, controvérsias sobre sua indicação. É necessária, para a prática clínica, a quantificação não invasiva, objetiva e reprodutível da esteatose. O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação entre a razão hepatorrenal (RHR), o índice venoso portal (IVP), o padrão de onda de velocidade de fluxo (OVF) da veia hepática direita à USG com Doppler e a biópsia na gradação da esteatose hepática não alcoólica. USG com Doppler foi realizada em 82 voluntários entre os quais 42, com doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), foram submetidos à biópsia. Os demais 40, sem esteatose à USG e sem fatores risco para DHGNA foram incluídos como controles. A ecogenicidade hepática e renal foram mensuradas por meio do histograma da intensidade dos ecos à USG em modo brilho e a RHR calculada à partir da divisão da amplitude do histograma hepático pela renal. O IVP foi calculado subtraindo-se o pico mínimo de velocidade portal do pico máximo e dividindo-se pelo pico máximo. A OVF da veia hepática direita foi classificada em monofásica, bifásica e trifásica. Os espécimes obtidos por biópsia hepática por agulha foram corados com Hematoxilina-Eosina e Tricrômio de Masson e classificados em esteatose discreta (até 33% dos hepatócitos infiltrados por gordura), moderada (de 33 a 66%) e acentuada (mais de 66%). A fibrose e a inflamação foram classificadas segundo sua intensidade e localização no ácino hepático. A correlação entre a RHR e o grau de esteatose à biópsia foi positiva e significante (r= 0,80, P<0,01). O ponto de corte da RHR ≥ 1,24 apresentou sensibilidade de 92,7%, especificidade de 92,5% e acurácia de 92,6%. As médias e desvios padrão da RHR foram, respectivamente, nos subgrupos: controle 1,090,13; esteatose discreta 1,460,24; moderada 1,520,27 e acentuada 2,040,31. As médias da RHR foram diferentes entre si (P<0,01), exceto entre os subgrupos de esteatose discreta e moderada. O IVP apresentou correlação inversa e significante com o grau de esteatose à biópsia (r=-0,74, P <0,01). A média e o desvio padrão do IVP no grupo controle foi 0,340,08 e no doente 0,200,07 (P<0,01), caindo progressivamente com o aumento do grau de esteatose, porém sem discriminar com significância os subgrupos com esteatose. A distribuição do padrão da OVF da veia hepática direita foi predominantemente trifásico nos controles e no subgrupo com esteatose discreta enquanto o padrão monofásico foi mais frequente na esteatose acentuada (P<0,01). Porém, a distribuição da OVF da veia hepática direita não mostrou diferença significante entre os subgrupos de doentes. Neste estudo, a RHR apresentou-se como melhor parâmetro ultrassonográfico para gradação da esteatose hepática em pacientes com DHGNA.

ASSUNTO(S)

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