Correlação entre parâmetros ecocardiográficos e sobrevida na insuficiência cardíaca de etiologia chagásica / Correlation between echocardiographic parameters and survival in heart failure due to Chagas disease

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/04/2011

RESUMO

Introdução: A doença de Chagas ainda é considerada um problema grave de saúde e economia mesmo após cem anos de sua descoberta em países da América Latina. O envolvimento cardíaco é a manifestação mais frequente e grave em sua fase crônica. O ecocardiograma bidimensional fornece dados importantes para o diagnóstico e prognóstico desta patologia, principalmente quando avalia o grau do comprometimento ventricular. Objetivos: Correlacionar parâmetros ecocardiográficos com desfecho mortalidade cardiovascular, em uma população de pacientes chagásicos com disfunção ventricular importante (FE <35%). Estabelecer possível relação entre E/Em e pressão diastólica final do ventrículo esquerdo (PDFVE) com nível plasmático do BNP, com o objetivo de estimar as pressões de enchimento do VE. Métodos: Este é um estudo de análise retrospectiva de uma coorte de 60 pacientes incluídos no Estudo Multicêntrico Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatias-braço cardiopatia chagásica, no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2009. Os parâmetros ecocardiográficos analisados foram: diâmetro diastólico e sistólico final do ventrículo esquerdo (DDFVE e DSFVE), volume diastólico e sistólico final do ventrículo esquerdo (VDFVE e VSFVE), fração de ejeção estimada pelo método de Simpson (FE), diâmetro ântero-posterior do átrio esquerdo (AE), volume do átrio esquerdo e volume indexado do átrio esquerdo (VAE e VAE/m), pressão sistólica em artéria pulmonar (PSAP), integral da velocidade do fluxo aórtico (VTI Ao), índice de performance miocárdica (IPM), taxa de aumento da pressão do ventrículo esquerdo (dP/dT), tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV), medidas da velocidade das onda E, A, Em, Am e Sm, tempo de desaceleração da onda E (TDA) , relação E/A , E/Em e insuficiência mitral. Para análise dos dados foram realizadas análises univariada e multivariada pelo modelo de regressão de COX e as curvas de sobrevida foram calculadas pelo método de KM e comparadas com o teste de Log-rank (p significativo <0,05). Resultados: Durante um seguimento médio de 24,18 meses, 27 pacientes faleceram. As variáveis ecocardiográficas com significância estatística com desfecho mortalidade na análise univariada foram: FE (HR 0,932), VDFVE (HR 1,005), VSFVE (HR 1,005), AE (HR 1,064), VAE/m(HR 1,036), PSAP (HR 1,039), DTA (HR 0,993), IPM (HR 2,423), A(HR 0,976), E (HR 1,029), E/A (HR 1,589), E/EM(HR 1,083), IM 1vs2 (HR 0,325). Para a construção do modelo multivariado foram selecionadas as variáveis FE, AE/m e E/Em baseado em sua relevância clínica. Os resultados foram: FE (HR 0,95 p<0,1261), VAE/m2 (HR 1,033 p<0,0001) e E/Em (HR 1,034 p<0,3704). Através da curva ROC foi identificado o melhor valor de corte para predizer o desfecho final e um VAE >70,71ml/m foi associado com aumento significativo na mortalidade (logrank p<0,0001). Não foi demonstrada correlação entre a relação E/Em e PDFVE com BNP plasmático. Conclusões: O ecocardiograma mostrou ser um exame útil, com capacidade de predizer desfecho mortalidade nesta população de pacientes graves. Dentre as variáveis analisadas o volume do átrio esquerdo indexado para a superfície corpórea foi um preditor importante e independente de mortalidade, em pacientes com insuficiência cardíaca devido à cardiomiopatia chagásica.

ASSUNTO(S)

ecocardiograma disfunção ventricular importante cardiologia doenças de chagas

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