Contribuição ao estudo anátomo-clínico da Paracoccidioiodomicose em Minas Gerais. meio século de experiência - avaliação das necrópsias realizadas no período compreendido entre 1944 até 1999, no departamento de anatomia patológica e medicina legal, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

03/03/2011

RESUMO

A paracoccidioidomicose (PCM), causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis (Pb), constitui a micose sistêmica mais prevalente na América Latina. O Brasil está no centro da endemia, e com grande relevância apresenta o Estado de Minas Gerais. Acarreta custos sociais e econômicos derivados não apenas da doença ativa, sendo responsável por alta morbidade e mortalidade. No presente trabalho, procurou-se realizar um estudo abrangente e sistematizado dos casos fatais de paracoccidioidomicose observados em 55 anos (1944 a 1999) no Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Dos 41 pacientes necropsiados com PCM nesse período, todos precediam do Estado de Minas Gerais e 71% eram do gênero masculino, com proporção de 2,4 homens para cada mulher. A média de idade foi de 27,8 anos, com predomínio de pacientes entre a faixa etária de 18 a 40 anos (46%). A cor parda foi encontrada em 44% dos pacientes. A ordem decrescente de frequência por mesorregiões do Estado de Minas Gerais foi de Central/Centroeste (36,6%), da Mata (19,5%), Vale do Rio Doce (17,1%), Vales do Rio Mucuri/Jequitinhonha (14,6%), Sul/sudoeste (4,9%), Norte/Noroeste (2,4%) e Alto Paranaíba/Triangulo Mineiro (2,4%). A agropecuária foi a principal atividade laborativa contando com 39% dos casos. Os sinais e sintomas constitucionais mais observados foram linfadenomegalias (79%), emagrecimento (72%), astenia/hipodinamia (65%), palidez cutâneo-mucosa (62%) e febre (52%). A forma clínica predominante foi a forma disseminada encontrada em 34% dos pacientes. As formas linfonodal, cutâneo-mucosa e pulmonar foram observadas, isoladas ou associadas a outras formas, em 59%, 56% e em 49% dos casos, respectivamente. As formas clínicas unifocais apresentaram esta distribuição: linfonodal (24%), cutâneo mucosa (22%), visceral (15%), pulmonar (7%), neurológica (5%) e óssea (5%). A apresentação anátomo-clínica predominante foi a forma aguda/subaguda, representada por 54% dos casos com envolvimento de 100% de linfonodos (p<0,028), 91% do baço (p<0,001), 68% do fígado (p<0,024) e 50% do trato gastrointestinal (p<0,003). A forma crônica/multifocal representou 46% dos casos e envolvimento de 79%, 73%, 42%, e 42% de linfonodos (p<0,028), pulmões, baço (p<0,001) e cutaneomucoso, respectivamente. A média do tempo de evolução para o óbito foi de 7,8 meses. Houve discordância diagnóstica entre as hipóteses clínicas e os achados anatomopatológicos em 28 dos 41 casos (68%). As parasitoses intestinais, esquistossomose e a tuberculose foram as principais infecções associadas encontradas. Não foi detectada nenhuma neoplasia associada. Estes dados revestem a grande importância do estudo necroscópico no aprofundamento de inúmeras questões relativas à doença de modo a melhor compreender o seu comportamento natural e poder traçar estratégias de controles epidemiológicos, métodos diagnósticos, e o entendimento da evolução clínica e terapêutica.

ASSUNTO(S)

medicina tropical. paracoccidioidomicose/patologia decs paracoccidioidomicose/mortalidade decs autopsia decs história decs paracoccidioides decs brasil decs epidemiologia decs causas de morte decs estudos de casos decs dissertação da faculdade de medicina da ufmg.

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