CONTRIBUIÇÃO AO ENTENDIMENTO DA TRANSMISSÃO DA LEISHMANÍASE VISCERAL NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA, CEARÁ. / CONTRIBUTION TO THE UNDERSTANDING OF TRANSMISSION visceral leishmaniasis in Fortaleza, Ceará.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

08/07/2011

RESUMO

A Leishmaníase Visceral (LV) é uma antropozoonose causada pelo protozoário Leishmania infantum chagasi, considerada grave problema de saúde pública. É endêmica em 88 países, com cerca de 500.000 casos registrados anualmente, sendo que a maioria destes ocorre na Índia, Nepal e Bangladesh, seguido do Sudão e Brasil, que é responsável por 90% das notificações registradas nas Américas. O principal vetor de LV no Brasil é Lutzomyia longipalpis. Entretanto, a ausência de L. longipalpis em área com casos autóctones de LV demonstra a existência de outras espécies na transmissão desta doença. Estudo realizado na cidade de La Banda, Argentina, correlacionou à ausência de L. longipalpis e a presença de Lutzomyia migonei com casos autóctones de LV. Fato similar foi observado em São Vicente Férrer, Pernambuco, onde foi comprovada a infecção natural de L. migonei por Leishmania infantum chagasi, o que evidencia sua participação na transmissão da doença nessas áreas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a ecologia dos flebotomíneos L. longipalpis e L. migonei no município de Fortaleza, avaliando indicadores entomológicos considerados na vigilância da LV, bem como discutir se estas espécies simpátricas compartilham o papel de transmissores de LV em área urbana no município. A captura de flebotomíneos foi realizada em 22 pontos de coleta distribuídos nas quatro regiões do município de Fortaleza. Foram utilizadas duas armadilhas luminosas do tipo CDC por ponto de coleta, armadas no intra e peridomicílio, durante quatro noites consecutivas por mês, durante um período de 12 meses. No total, foram capturados 32.403 flebotomíneos. Destes, 18.166 (56%) eram da espécie L. longipalpis e 14.237 (44%) eram L. migonei. Não houve diferença significativa de densidade entre os vetores (p=0,2472), nem entre os locais de coleta (intra e peridomicílio) (p=0,3038), demonstrando a adaptação de ambas as espécies no ambiente intradomiciliar. Apesar das características ambientais semelhantes entre os pontos de coleta, houve diferenças estatísticas na densidade de ambos os vetores por região (p<0,001), sendo as regiões Norte e Sul aquelas com maior quantidade de exemplares coletados. Não houve correlação entre o número de casos humanos e caninos de LV com o aparecimento de L. longipalpis e L. migonei. Este fato pode ser justificado uma vez que não somente a alta densidade vetorial determina a transmissão da doença, mas também a distribuição da carga parasitária na população de vetores. Esses achados confirmam que, na cidade de Fortaleza, L. migonei está bem distribuido, bem como adaptado ao ambiente intradomiciliar, semelhante à espécie L. 10 longipalpis. Tendo sido comprovado à infecção natural de L. migonei com Leishmania infantum chagasi, sugere-se que L. migonei compartilhe com L. longipalpis o papel de vetor da LV na cidade de Fortaleza.

ASSUNTO(S)

lutzomyia migonei competência vetorial. lutzomyia longipalpis lutzomyia migonei lutzomyia longipalpis reproducao animal vetorial competence.

Documentos Relacionados