Contexto sócioambiental da pesca artesanal no Lago Paranoá (Brasília - DF)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

O presente estudo analisou a pesca artesanal no lago Paranoá de Brasília-DF, no período de abril de 2000 a novembro de 2001, reunindo dados do desembarque de pescado, bem como o comportamento e visão do pescador no seu ambiente, utilizando-se de elementos das teorias de Desenvolvimento Sustentável para a análise. Os dados foram coletados a partir de fichas de desembarque de pescado e entrevistas aos pescadores. Seu teor relevou principalmente a quantidade de peixes por espécie, por arte de pesca, por comunidade pesqueira e hábitos gerais dos pescadores. Este trabalho é parte colaboradora do Programa de Despoluição do Lago Paranoá instituído pela Companhia de Saneamento do Distrito Federal (CAESB), ou mais especificamente, do Programa de Biomanipulação, que dentre os seus objetivos intenta agir sobre o estoque de três espécies exóticas: Oreochromis niloticus, Tilapia rendalli e Cyprinus carpio. A pesca no lago Paranoá é resultado dos esforços empreendidos até o presente por essa iniciativa e visa reter o aumento descontrolado de nutrientes no lago, especialmente o fósforo, que foi no passado a causa de desastres ecológicos e que tem nas três espécies mencionadas eficientes catalisadores de reciclagem. Além da diminuição da eutrofização, a pesca tem sido fonte de emprego e renda para comunidades menos abastadas. Esse fato é novidade para Brasília, uma vez que a pesca era proibida desde 1966, e contrasta com cultura da cidade, que não carrega consigo a tradição da pesca, ao mesmo tempo que ainda reluta contra um preconceito arraigado que tem na imagem do lago, do peixe e do pescador figuras sujas e distantes de um adequado trato social. Os resultados denotam uma alta eficiência da pesca de tarrafa sobre os estoques de espécies exóticas (90%), algo na ordem de 160 toneladas, em 20 meses, o que representa um montante aproximado de 28,3 Kg por dia de fósforo que deixará de ser excretado na água pelos peixes e 913 Kg que saiu permanentemente incorporado nos tecidos dos peixes. Foi realizado ainda uma análise contrastando a tarrafa, única arte legalizada para a pesca profissional, com a rede de batida, ilegal, porém, utilizada por algumas comunidades. A comparação se mostrou importante visto que a rede de batida, considerada predatória foi mais seletiva que a tarrafa na pesca sobre a tilápia nilótica Oreochromis niloticus, ao passo que despendeu menor tempo e resultou em maiores quantidades de pescado por hora de esforço, sem afetar as espécies nativas. Por fim, visto que os pescadores têm passado por um forte e acelerado processo de mudança, o trabalho pretendeu revelar fatos de seu comportamento frente as novas tendências que circundam seu ambiente, procurando analisar e aconselhar dentro desse contexto, como forma de complementar um trabalho baseado na multidisciplinaridade que o planejamento e a gestão ambientais exigem.

ASSUNTO(S)

desenvolvimento sustentável pesca artesanal, lago paranoá, socioambiental outros política ambiental

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