Contexto, relato e possibilidades de uma experiência socioambiental educativa

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/05/2011

RESUMO

Atualmente, a sociedade contemporânea está mergulhada numa crise de relações socioambientais decorrente da nossa imersão no paradigma da ciência e do mercado, que está assentado na valoração do ser humano pelo que ele consome e pode exibir em detrimento do ser. O paradigma vigente valoriza o consumismo fundamentado na exploração de recursos naturais e do trabalho humano, e na crença do poder da tecnologia e do conhecimento científico para remedição de problemas que se originam nesse processo. A inexistência de repertório de significações reduziu esta profunda crise civilizatória a crises desconexas e disjuntas, as quais chamamos de crise da saúde, transporte, segurança, ambiental, entra tantas outras crises que possamos mapear. Neste contexto, esta tese busca analisar os processos que acreditamos serem os responsáveis por esta visão hegemônica de mundo que é descontextualizada, redutora e disjunta. Traçamos uma linha histórica dos processos e relações que nos levaram, enquanto sociedade, a acreditar que vivemos uma crise ambiental (usando, como tema gerador, as mudanças climáticas) e não uma crise civilizatória. Intentou-se evidenciar que nossas relações sociais, numa sociedade voltada para o consumo, é a grande gestora desta sociedade de risco, determinada pelos paradigmas dominantes que nos levam a crer no poder determinístico da ciência e na edificação de uma sociedade em equilíbrio. Em contraposição a este pensamento afirmamos com base em diversos autores, que vivemos em um mundo que não é estático, não está em equilíbrio e nem é determinado a priori, mas sujeito a processos termodinâmicos, caóticos e irreversíveis que desencadeiam desestabilizações nos ambientes e consequentes processos de auto-organização, compondo os sistemas complexos adaptativos de aprendizagem, tanto nos organismos de Gaia, quanto nos sujeitos, nas relações entre os sistemas bióticos e abióticos, nas sociedades, na economia, na política e em nossa cultura. Como resistência a esta visão hegemônica de mundo propomos um método de abordagem contextualizado deste problema, através da construção de campos de significados que retratem esta crise de forma contextualizada associando este tema ao cotidiano do sujeito. Este processo foi desenvolvido através da abertura de ambientes de convivência relacionais baseados no compartilhamento de experiências. Mostramos também a importância da abordagem teórica ser associada ao dia-a-dia do sujeito, pois cada indivíduo vê seu mundo através de suas experiências, história de vida, seu background. Abrimos possibilidades de provocar estímulos no limite do caos capazes de desestabilizar este sujeito ao ponto de tirá-lo do equilíbrio e provocar novas emergências, que ressignifiquem este sujeito em relação a seu mundo. Ativa-se sua vontade de potência para atuar significativamente em seu meio, compartilhando o campo organizacional com as demais esferas da sociedade, para juntos construírem um ambiente, uma cidade sustentável, entendida como um sistema complexo adaptativo de aprendizagem.

ASSUNTO(S)

educação ambiental educacao sistema complexo significações consumismo crise civilizatória environmental education significations complex system consumerism civilizational crisis

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