Concepções e mitos sobre superdotação : o que pensam professores de crianças pequenas?
AUTOR(ES)
Renata Sayão Araujo Manso
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
17/07/2012
RESUMO
Este estudo investigou como professores de crianças de quatro a seis anos de idade concebem a superdotação e o quanto mitos referentes ao fenômeno fazem parte de suas crenças. Também foi analisada a influência da experiência docente com alunos superdotados com relação à compreensão mais adequada sobre superdotação. Participaram da pesquisa 20 professoras de salas regulares da rede de ensino do Distrito Federal, das quais 10 já haviam lecionado para alunos identificados com altas habilidades e 10 não tinham experiência. Adotou-se a abordagem qualitativa, de caráter exploratório-comparativo, tendo a entrevista individual como instrumento de coleta de dados. Foram feitas questões abertas sobre concepções de superdotação, caracterização de crianças superdotadas e influência da experiência sobre os conhecimentos acerca do fenômeno. Para investigar crenças em mitos, foram apresentadas 21 afirmações envolvendo mitos sobre constituição, distribuição, identificação, níveis ou graus de inteligência, desempenho, consequências e atendimento, em que as professoras foram solicitadas a comentá-las. Os dados foram tratados conforme a análise de conteúdo proposta por Bardin. Os resultados sugerem que as professoras apresentam concepções superficiais sobre superdotação, ao enfatizar características como destaque em alguma área e dificuldades nos aspectos sociais e emocionais do desenvolvimento. Quanto aos mitos referentes à superdotação, os resultados revelaram que a maior parte das professoras não acreditava neles, especialmente nas ideias de que o indivíduo superdotado se destaca em todas as áreas do currículo escolar, que ele não necessita da orientação de professores para aprender e que a superdotação provém de classes econômicas privilegiadas. Notou-se que, embora muitos preconceitos tenham sido desvelados, ainda existem dimensões da superdotação pouco conhecidas, principalmente no que diz respeito ao construto inteligência e às formas de atendimento ao aluno superdotado. Não foram observadas diferenças quanto à percepção de superdotação entre os grupos. No entanto, a experiência docente pareceu ter favorecido a compreensão da validade em se identificar a criança com altas habilidades e de que indivíduos superdotados apresentam formas diferentes de interagir e perceber o mundo. O estudo apontou que, mesmo a superdotação não sendo um tema totalmente desconhecido para as professoras entrevistadas, falta-lhes conhecimento para atuar, principalmente, em duas demandas nas quais sua figura é indispensável: a identificação e o atendimento. A pouca clareza sobre as características de indivíduos superdotados, a validade da identificação e a falta de informações sobre formas de atendimento aos alunos identificados com altas habilidades corroboram o quadro em que crianças com grande potencial não encontram nas escolas regulares o reconhecimento de sua condição e/ou o atendimento necessário para um desenvolvimento pleno de suas potencialidades e necessidades.
ASSUNTO(S)
superdotados educadores educação de crianças percepção crianças superdotadas educação educacao giftedness myths early childhood education teachers
ACESSO AO ARTIGO
http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1712Documentos Relacionados
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