Concepções de professores sobre questões relacionadas à violência nas escolas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

No presente estudo, investigamos a questão da violência que vem permeando, de forma significativa, as relações no espaço escolar. O problema que direciona a pesquisa é: Como a presença da violência interfere nos educadores e conseqüentemente na qualidade do ensino? Assim, objetivamos apontar as conseqüências psicossociais da violência para o trabalho dos docentes. Metodologicamente, optamos pela abordagem de pesquisa, que permite entender a concepção do professor numa perspectiva psicossocial, coletar e organizar dados, sem perder a objetividade da pesquisa científica. O levantamento de dados aconteceu em dois momentos, primeiramente, utilizamos a entrevista individual semi-estruturada, na qual, foram entrevistados 16 professores de quinta a oitava série da Rede Municipal de Belém-PA, lotados no Distrito de Mosqueiro. Na segunda parte da coleta de dados, foram realizados dois seminários com os professores que haviam participado das entrevistas individuais que consistiram, basicamente, em uma devolutiva para os entrevistados. Os dados foram agrupados segundo categorias de significados e o conteúdo foi analisado segundo a teoria das concepções de professores. Ao final da análise, chegamos a cinco categorias, quais sejam: Tipos/Nuances de violência, Causas/Origem da Violência, Intensidade da Violência, Formas de Enfrentamento e Interferências no processo de ensino-aprendizagem. Pudemos constatar que a nuance de violência mais evidenciada foi a violência verbal expressa, principalmente, nas brincadeiras, apelidos pejorativos ou preconceituosos desencadeadores de brigas e agressões físicas. Os professores concebem a violência como algo que tem origem extra-muros escolares. Sendo assim, famílias, estrutura sócio-econômica, desemprego, mídia, gangues, bairro violento e regime de ciclos se alternam como possíveis causadores da violência escolar cotidiana. Dos dezesseis entrevistados, oito dizem que a violência diminuiu, três, que aumentou, três não sabem opinar e, para dois, continua a mesma coisa. No entanto, os docentes notaram uma mudança no tipo de violência praticada pelos alunos. Para eles, o que aumentou foi a participação feminina nas ocorrências violentas. Como formas de enfrentamento para a problemática, os professores se utilizam do diálogo, além disso, também consideram importante a atuação conjunta com os pais, comunidade e demais atores escolares, além de procurarem trabalhar a questão da violência como tema complementar aos habituais conteúdos escolares. Entretanto, os docentes se ressentem da falta de formação sobre o fenômeno, como também, da falta de apoio do Ministério Público e do Conselho Tutelar. Enfim, os professores entrevistados não tentaram conceituar o que seja violência para eles, mas deixaram transparecer que a concebem como propulsora de males tanto à aprendizagem dos alunos quanto à qualidade do ensino ministrado pelo professor em sala. As concepções vão no sentido de uma rotinização (apud, Batista&Pinto) destas no ambiente escolar, se caracterizando assim como um dos maiores desafios para o trabalho docente

ASSUNTO(S)

violência nas escolas psicologia educacional concepções de professores relações interpessoais

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