Concentração de ferro hepático na hepatite C crônica: relação com ativação de células estreladas hepáticas e resposta à terapia antiviral. / Hepatic iron concentration in chronic hepatitis C: relationship with hepatic stellate cell activation and response to antiviral therapy.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Introducao: A complexa relacao entre ferro hepatico e progressao da fibrose na hepatite C cronica, possivelmente mediada pela ativacao de celulas estreladas hepaticas (CEH), bem como o impacto dos depositos de ferro sobre a taxa de resposta virologica sustentada (RVS) a terapia antiviral permanecem inconclusivos. Objetivos: Avaliar a relacao entre concentracao de ferro hepatico (CHF) e ativacao de CEH e a influencia da CFH sobre a taxa de RVS. Metodos: Foram elegiveis para estudo das CEH pacientes com hepatite C cronica e biopsia hepatica com quantificacao de ferro no tecido por espectrofotometria de absorcao atomica. Dentre estes pacientes, os que foram submetidos a terapia baseada em interferon e ribavirina (24 ou 48 semanas) foram incluidos para analise da relacao entre RVS e CFH. Fibrose e atividade necroinflamatoria foram graduadas segundo a Sociedade Brasileira de Patologia. Pesquisa de CEH ativadas foi realizada por exame imuno-histoquimico com anticorpo contra -actina de musculo liso; estas celulas foram semi-quantificadas de acordo com o escore de Schimitt-Graff et al. modificado, graduadas no compartimento lobular (zona 1 e zonas 2-3) e mesenquimal (espaco-porta/septos). Para identificar associacao entre as variaveis CFH, CEH ativadas, atividade necroinflamatoria e fibrose, utilizou-se o coeficiente de correlacao de Spearman. CFH foi comparada entre pacientes com e sem RVS, empregando-se os testes Mann-Whitney e exato de Fisher; p<0,05 foi considerado significante. Resultados: Foi possivel determinacao das CEH em 73 pacientes. Correlacao positiva foi encontrada entre CEH ativadas e atividade necroinflamatoria e fibrose, quando analisadas na zona 1, espaco-porta/septos e escore total de CEH ativadas, sendo a mais forte associacao encontrada no compartimento espaco-porta/septos: r=0,63 e p<0,001 para atividade periportal; r=0,56 e p<0,001 para estadiamento. Nao houve associacao entre CEH ativadas e CFH, nos diversos compartimentos analisados (zona 1: r=-0,10 e p=0,40; zonas 2-3: r=0,08 e p=0,49; espaco-porta/septos: r=-0,22 e p=0,59). No estudo da relacao entre RVS e CFH foram incluidos 50 pacientes, com media de idade 46}10 anos; genero masculino 60%; genotipo 1 em 70%; CFH mediana 459 Êg/g. Apenas um paciente (2%) apresentou CFH acima dos limites fisiologicos. RVS, analisada por protocolo, foi obtida em 18 dos 50 pacientes (36%). Nao houve diferenca na CFH entre os pacientes com e sem RVS (mediana de 556,8 Êg/g e 444,3 Êg/g, respectivamente, p=0,37). Na analise das diferentes faixas de CFH, verificou-se que dentre os 39 pacientes com CFH . 800 Êg/g, 28 nao responderam ao tratamento, conferindo a este nivel de corte um valor preditivo negativo de 72%. A diferenca nas taxas de RVS de acordo com CFH . ou >800 Êg/g alcancou significancia estatistica, p=0,04. Conclusoes: A CFH nao se associou a maior ativacao de CEH, a despeito da associacao desta ativacao com maior dano histologico hepatico. Alem disso, a CFH teve impacto positivo sobre a RVS. Assim, no contexto de limites fisiologicos, deve haver uma faixa otima de concentracao do ferro, que seja benefica para o hospedeiro na sua relacao com a infeccao pelo virus da hepatite C.

ASSUNTO(S)

ferro sobrecarga de ferro hepatite c células estreladas hepáticas interferon alfa gastroenterologia

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