Comunidades de aprendizagem : a construção da dialogicidade na sala de aula

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A tese que aqui se apresenta intitula-se Comunidades de Aprendizagem: a construção da dialogicidade na sala de aula e teve como principal objetivo investigar o diálogo na aula, partindo-se das experiências de duas professoras que atuam em uma escola que se transformou em Comunidade de Aprendizagem, na cidade de São Carlos. Tendo como referências as elaborações teóricas de Habermas, quanto ao conceito de ação comunicativa, e de Freire, sobre a dialogicidade, no trabalho, apresentam-se teorias dialógicas da sociologia e da educação, a partir das quais foi possível avaliar as abordagens metodológicas de ensino presentes na escola quanto aos elementos que se apresentam a favor do diálogo e aqueles que se colocam contra ele. O conceito de aprendizagem dialógica, formulado pelo Centro Especial em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades (CREA/UB- Espanha) também é chave para a análise que aqui fazemos da aula. Tendo como referência a metodologia comunicativacrítica de investigação, este trabalho contou com observações comunicativas, relatos comunicativos de vida e grupos de discussão como seus principais instrumentos de coleta de dados e envolveu uma análise intersubjetiva dos dados, em parceria com professoras e crianças da escola investigada. Os dados foram coletados entre agosto de 2008 e julho de 2009, e foram analisados a partir de duas dimensões: transformadora e exclusora, próprias da metodologia adotada. A primeira diz respeito aos elementos encontrados na realidade investigada que aproximam os sujeitos que ali vivem de seus desejos e aspirações e a segunda às barreiras que se colocam para que atinjam seus objetivos. No caso dessa pesquisa, os elementos transformadores dizem respeito àqueles que favorecem o diálogo na sala de aula e os elementos obstaculizadores, àqueles que impedem a prática dialógica neste tipo de espaço. Além dessas duas dimensões, também foram consideradas para a análise as categorias sistema e mundo da vida, destacadas a partir da teoria de Habermas, com o objetivo de evidenciar quais elementos, sejam eles transformadores ou obstaculizadores, encontrados na realidade estudada, referem-se à esfera do sistema e quais estão presentes no contexto do mundo da vida. O sistema, tal como formula Habermas (1987), diz respeito às instituições e esferas da sociedade controladas pelo poder e pelo dinheiro. O mundo da vida, por sua vez, diz respeito à esfera da vida cotidiana, a partir da qual as pessoas interagem e dialogam na busca de entendimentos. Desde esse ponto de vista, os resultados alcançados revelam a quase ausência do sistema no sentido de potencializar ou criar situações que favoreçam o diálogo na sala de aula, enquanto que evidenciam a forte atuação desse mesmo sistema no sentido de obstaculizá-lo. As observações comunicativas, relatos e grupos de discussão revelaram momentos bastante favorecedores do diálogo na aula, mas também apontaram obstáculos a uma prática docente dialógica. De maneira geral, revelaram que a construção de aulas dialógicas não depende da incorporação de uma metodologia de ensino, entendida enquanto instrumentos que o/a professor/a utiliza para alcançar seus objetivos de ensino. Ao contrário, a imposição de um modelo de dar aula apresenta-se como obstáculo ao exercício do diálogo. A dialogicidade na aula, a partir do que pudemos evidenciar neste estudo, refere-se a uma postura assumida pelo professor ou professora, que implica o reconhecimento de que os/as professores/as tanto ensinam quanto aprendem com seus alunos e alunas e que o conhecimento escolar deva ser trabalhado em prol da igualdade de direitos e da possível transformação do mundo.

ASSUNTO(S)

diálogo educacao ação comunicativa sala de aula dialogicity communicative action sociologia educacional comunidades de aprendizagem dialogicidade dialog learning communities

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