Comprehensive Geriatric Assessment of the oldest-old in Ribeirão Preto (SP) and Caxias do Sul (RS): indicators for long-lived aging. / Avaliação geriátrica global dos idosos mais velhos residentes em Ribeirão Preto (SP) e Caxias do Sul (RS): indicadores para envelhecimento longevo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O Brasil está entre os países em desenvolvimento onde a faixa etária acima dos 80 anos é a que mais cresce. Este grupo tem sido pouco estudado em nosso meio, sobretudo no que tange às diferenças inter-regionais relacionadas à saúde. Trata-se de estudo epidemiológico comparativo e transversal, de idosos >= 80 anos residentes em duas comunidades. A amostra probabilística constou de dois grupos de idosos mais velhos: um de Ribeirão Preto (RP-SP), com 155 sujeitos e outro de Caxias do Sul (CS-RS), com 117 sujeitos. A coleta de dados se deu através de uma Avaliação Geriátrica Global, com entrevistas domiciliares realizadas entre maio de 2007 e setembro de 2008. O instrumento de coleta foi composto por dados demográficos e socioeconômicos, medidas antropométricas, Miniexame do Estado Mental (MEEM), Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), Medida de Independência Funcional (MIF), presença de comorbidades, Escala de Depressão Geriátrica (EDG) e estilo de vida (uso de álcool, tabagismo, nível de atividade física e avaliação da dieta). A média de idade foi de 84,4 (± 4,3) anos em RP e 85,0 (± 3,9) anos em CS. Houve predominância do sexo feminino (~ 67%), cor branca (~ 89%) e viúvos (~56%) em ambos os municípios, sem que houvesse diferenças significativas nestas variáveis. Não houve diferença importante na escolaridade média dos dois grupos, e a renda média do idoso foi maior (P = 0,020) em RP (R$ 978,2 ± 1.329,6) do que em CS (R$ 668,3 ± 596,1). Entretanto, em RP houve maior concentração de indivíduos tanto analfabetos como com alta escolaridade; bem como daqueles que recebiam tanto menos de um salário mínimo (SM) como mais de 3 SM. Verificou-se ainda uma proporção maior de idosos que utilizavam convênio de saúde em CS (63%) do que em RP (49%). Não houve diferença estatisticamente significativa no escore médio do MEEM entre os dois grupos (20,6 ± 7,5 em RP e 19,5 ± 6,3 em CS; P = 0,23), sendo que este foi significativamente menor para indivíduos do sexo feminino, com idade mais avançada e analfabetos. Verificou-se uma proporção maior de idosos independentes para as AIVD em RP (22%) do que em CS (7%; P = 0,001), bem como um escore maior na MIF naquele grupo (108,2 ± 24,3) do que em CS (102,9 ± 19,9; P = 0,058). Um melhor nível de independência em ambos os municípios foi observado para os idosos do sexo masculino, aqueles casados, de maior escolaridade e melhor renda. Houve uma tendência a uma maior proporção de idosos com sobrepeso e obesos em CS (41,9% e 21,4%, respectivamente) do que em RP (32,7% e 15,3%, respectivamente; P = 0,08). Verificou-se também maior número de comorbidades em CS (7,6 ± 2,9) do que em RP (5,9 ± 2,9; P <0,001). Entretanto, RP apresentou maior escore na EDG (4,1 ± 2,9), com maior proporção de sujeitos depressivos (39,3%) do que CS (3,1 ± 2,8 e 22,8%, respectivamente; P = 0,005). Os idosos com menos sintomas depressivos foram aqueles do sexo masculino, casados, ou com maior escolaridade em ambos os grupos. Em ambos os municípios, após ajustar-se para idade e gênero, observouse que o grau de independência funcional (MIF) correlacionou-se positivamente com o MEEM e negativamente com o número de comorbidades e o escore na EDG. Quanto ao estilo de vida, não houve diferença significativa entre os dois grupos no que tange ao gasto energético em atividade física e ao consumo de cigarros. No entanto, em CS houve uma proporção maior de idosos que utilizam ou utilizavam bebida alcoólica, especialmente vinho. Os idosos de CS também apresentaram maior consumo calórico diário, inclusive de carboidratos, gorduras saturadas e sódio do que em RP (P <0,001 para todos). Quando comparado a RP, embora os idosos de CS apresentem menor desigualdade educacional e de renda, além de menores índices de depressão, a dieta destes é menos saudável, há maior prevalência de obesidade e outras comorbidades e maior dependência funcional. Um adequado planejamento em termos de políticas de saúde, que melhor atendesse aos prérequisitos do envelhecimento bem-sucedido, poderia contribuir ao bem-estar dos idosos brasileiros mais velhos.

ASSUNTO(S)

aging comunidade avaliação geriátrica global comprehensive geriatric assessment community aged 80 years and over octogenários envelhecimento idosos de 80 anos ou mais octogenarians

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